Na quinta-feira passada, o jornal britânico Financial Times disse, em um texto intitulado "Recessão e corrupção: a podridão crescente no Brasil", que a situação no País é tão desesperadora que mais se assemelha a um "filme de terror sem fim". Se esta é a impressão de desgoverno e descontrole generalizado que estamos passando ao exterior, imagine então quando olhamos para o nosso umbigo, de dentro do olho do furacão. Com os juros nas alturas, a maior taxa de desemprego registrada desde 2010 - conforme dados divulgados na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) -, e a expectativa do Banco Central (BC) de a inflação fechar 2015 em quase 9%, a situação não é nada favorável, por mais que o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, tenha pintado, esses dias, um quadro de céu azul e clima estável a partir de 2016. O fato é que a população não pode esperar muito para esta condição se reverter, pois está se endividando cada vez mais, e mal conseguem pagar as compras de final do mês no supermercado e arcar com o alto custo repassado para as contas de água e energia elétrica. A sensação que temos é a de que estamos, literalmente, cobrindo rombos e sendo obrigados a pagar mais uma conta (a de anos de corrupção) de altas somas que não foram para os nossos bolsos e, sequer, foram revertidas para os serviços públicos essenciais, visto o caos instalado atualmente nas áreas da saúde, educação, transporte e segurança. Não é à toa a queda recorde na popularidade da presidente Dilma e na aprovação do governo petista, que, de acordo com declarações recentes do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), está "caminhando para o cheque especial". Mas, na verdade, já há quem arrisque dizer, diante deste quadro assombroso, que esteja é entrando na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), pois, a curto prazo, parece que só um milagre poderá nos salvar.