Em tempos de crise, mudar alguns hábitos e buscar formas para economizar dinheiro são práticas muito comuns. Atualmente, os brasileiros têm investido no conserto de produtos, em detrimento da compra de novos itens. De acordo com um estudo feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio/SP), o reparo de eletrodomésticos vem crescendo.
O levantamento foi baseado na Pesquisa do Orçamentos Familiares (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostrou que todas as camadas sociais buscaram esse tipo de serviço no último ano.
O que antes era descartado e substituído, hoje é avaliado e, na maioria das vezes, recuperado. Além do momento atual não ser favorável para novas dívidas, os clientes levam em consideração a qualidade do produto, o custo da compra, do reparo e até o valor sentimental do utensílio. "Hoje, com a falta de emprego e a instabilidade econômica, as pessoas não se aventuram a comprar coisas que elas podem consertar", informou o economista da Fecomercio/SP, Fabio Pina.
Segundo Benedito Pereira de Faria Neto, proprietário de uma assistência técnica eletrônica em Mogi das Cruzes, aumentou o número de pessoas que recorreram à loja para o reparo de equipamentos que estavam com orçamentos prontos desde o ano passado. "Isso prova que muita gente estava indecisa e só agora percebeu que o conserto vale a pena, já que o preço de novos produtos está cada vez mais alto", disse. 
Outro comerciante mogiano que notou um crescimento substancial neste ano é Wellington Moreira, dono de uma sapataria no centro. Ele contou que, desde dezembro, a procura pelo conserto de calçados aumentou cerca de 50%, comparado ao mesmo período do ano passado: "O conserto sempre compensou na maioria dos casos, pois o cliente pode ter uma economia de 80% a 90%, mas só agora perceberam essa vantagem. O que falta agora é mão de obra para atender a essa atual demanda."
A modista Regina Ribeiro, proprietária de um ateliê em Suzano, comentou que o serviço de ajustes e reparos em roupas de festas também cresceu, ao passo que a compra caiu de forma significativa. "Elas estão pedindo para modificar as roupas, aplicando uma renda, cortando, colocando uma alça, tudo com o objetivo de economizar. Antes, isso não acontecia com muita frequência, elas preferiam comprar algo novo, mas agora até o aluguel superou a compra", explicou.