Recentemente comprei um marcador de texto novo para utilizar em minhas novas leituras. Sim, eu destaco nos meus livros físicos os conteúdos que me chamam atenção. Já me alertaram que isso pode desvalorizar o material para uma possível venda futura das obras literárias, mas quem falou que eu vou vender os meus livros? Os meus filhos vão herdar a minha biblioteca!

Porém, há alguns meses atrás, conversando com amigos sobre literatura, eu fui levado para um mau caminho. Uma amiga me apresentou o Kindle, lançado em 2007, um leitor eletrônico produzido pela Amazon, que viabiliza a leitura digital em um aparelho semelhante a um tablet, com bateria durável em modelos de até seis semanas com carga única.

A amiga especialista me explicou ainda que atualmente há quatro opções de modelos com preços que variam entre R$ 500,00 e podem chegar a R$ 1.400 (arredondou para ficar mais fácil), me apresentou sites com garantia e descontos, assinatura para leitura gratuita de várias obras, e posteriormente, os links para compra, terminando a conversa me chamando de desatualizado.

Passando a aula e críticas da amiga, eu fui pego com o desejo de experimentar esse produto. Fui levado ao pensamento da facilidade de acesso a diversos livros, alguns deles gratuitos - como as minhas próprias obras literárias,  a leveza do material, entre outros. Mas, encontrei o marcador de texto no meu bolso, fiquei em choque e pensei:

E o cheirinho do livro, o tocar nas folhas, o trocar as páginas suavemente, ou ainda, colocar o marca-página para saber onde parou a leitura,  ou ainda o destaque suave de amarelo nas páginas com o marca-texto, e como farei após a leitura para exibir o livro em minha biblioteca? Desisti da ideia e me senti péssimo só em pensar nessa possibilidade de mudança. Me desculpe pelo desejo de traição, livro físico. Fica comigo?


Marcelo Barbosa é jornalista, pedagogo e psicanalista. Autor da trilogia “Favela no divã” e “ A vida de cão do Requis”.