Não há um espaço na civilização moderna onde se deve advogar a burrice. É anatomicamente possível encontrar, atualmente entre as nações mais avançadas, uma única liderança comunitária ou política que diga que nossos jovens estão "aprendendo demais", que as estruturas à sua disposição são boas demais, e que outras prioridades devem ser adotadas. Pelo menos, não há lideranças sérias.
A revelação dos relatórios individualizados das escolas municipais no Alto Tietê, feitas por agentes do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP), mostraram que muito do discurso e da realidade se separam no contato com a realidade. Mas, verdade seja dita, não é um 'privilégio' exclusivo dos gestores públicos locais: o relatório consolidado mostra que a precarização do ensino público é um caso endêmico e, infelizmente, de longa duração.
Mesmo em cidades não apuradas pelo TCE-SP neste mês tiveram, ao longo da semana, os olhares voltados à educação - como foi o caso de Mogi das Cruzes que conseguiu a prorrogação de seu Plano Municipal de Educação, embora tenha sido feito em 2019, com a mentalidade e os recursos à disposição antes da pandemia que fechou escolas, forçou a criação de novos modelos de aprendizado e, concomitantemente, novas necessidades e uma nova paisagem social e econômica.
Todos citam os danos a médio e longo prazo sobre a má-alimentação, sobre o desemprego, sobre a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), e como podemos colocar em risco as futuras gerações com o descaso nestas áreas. Indubitavelmente, todos estes assuntos afetam diretamente o bem-estar e a qualidade de vida da população, mas todas as medidas para o atendimento social tornam-se redundantes quando a origem da formação de nossos cidadãos não é abordada: a educação que inclui, educa e prepara não apenas intelectual, mas socialmente nossa juventude.
As palavras de compromisso das prefeituras cujas escolas foram vistoriadas pelo TCE-SP não podem se perder no vento ou no fundo dos corações, sob o risco de estarmos fadados à repetência na prova da vida.