Entre tantos problemas na região, um em Suzano precisa ser resolvido com urgência. Não se trata de abandono em saúde, do trânsito caótico ou dos buracos nas ruas - que também merecem atenção -, mas da Lagoa Azul, que fica na região do Jardim Imperador.
A morte de pessoas que se arriscam nas perigosas águas do local já virou uma triste tradição no município. Todo ano a página policial publica reportagens sobre pessoas que se afogaram lá. Anteontem foi a vez de um homem, com idade entre 30 e 40 anos. E a cena mais inusitada, retratada por testemunhas, foi a de que outras pessoas continuavam nadando enquanto o corpo ainda nem tinha sido retirado.
O descaso não é somente das outras pessoas que estavam lá anteontem e ignoraram o afogamento e a morte da vítima, mas de todos os representantes da população, os políticos. Neste momento não há desculpas ou justificativas. Dizer que a vítima estava alcoolizada ou que entrou na lagoa porque quis mesmo sabendo dos riscos que estava correndo demonstra uma falta de comprometimento com a sociedade.
Um dos princípios mais belos que a humanidade já apresentou é a de culpar não só a pessoa que comete a ação, mas aquelas que sabem da injustiça ou do erro e não fazem nada para evitá-lo. O conhecimento e a sabedoria servem para ser colocados em prática, não apenas quando convém para si próprio.
Para cada morte na Lagoa Azul, um peso a mais deve ser colocado nas costas de quem deveria, há muitos anos, ter acabado com a farra que ocorre neste local. Somente em 2016 foram três pessoas afogadas. Em outras épocas, vereadores e empresários falaram muito sobre em transformar o terreno em um parque. Muito tempo já se passou desde que essas promessas foram feitas e também muitas vidas foram perdidas.
Qualquer pessoa que busca viver em uma cidade melhor espera por atitudes mais firmes do Poder Público e das empresas que, de uma forma ou de outra, são responsáveis pelo que acontece no município. Esperamos publicar reportagens dizendo que a Lagoa Azul já foi um lugar perigoso, mas até o momento isso parece impossível. Não podemos culpar a ignorância das pessoas pelas tragédias, a maldade dos bandidos pelos crimes ou a falta de cuidados com a saúde pelas doenças. Quem assume papel de representante de algo ou de alguém precisa buscar os conhecimentos necessários para evitar os erros e colaborar com o aprendizado e a educação de seu povo.