Na esteira das fantasias que se criam em torno da justiça criminal, procurando-se soluções mágicas para conter a violência que grassa, a mídia exerce algumas vezes papel impróprio.
Desinformada, ou, ao menos isso demonstrando, apresenta opiniões extraídas de casos que mereceram holofotes e, como se fossem regras gerais, condena ou exalta a medida tomada.
Isso considerando, jornal de grande circulação, sob o título "A verdadeira Justiça", aplaudiu decisão da Suprema Corte nacional, que na já antiga (as falcatruas em grande escala se sucedem tão rapidamente entre nós, que mesmo escândalos situados em passado próximo, envelhecem precocemente) Operação Satiagraha, que confirmou o trânsito em julgado (impossibilidade recursal) da anulação anteriormente decretada, com base na ilegalidade da prova coligida.
E foi exatamente quanto a esse último trecho (a prova ilícita), o mote do artigo que verberava o acerto em se desconsiderar o arremedo do colhido contra os ainda poderosos Daniel Dantas e Naji Nahas, entre outros.
Em suas vigorosas linhas o articulista trouxe a tona frase emblemática de Jorge Mussi, Ministro do Superior Tribunal de Justiça, que deplorava o caráter do país em que os "filhos vierem a ser condenado com provas colhidas na ilegalidade".
Encastelados em suas salas, escritor e julgador, alheiam-se da realidade nacional.
Preocupados com os ocupantes dos altos escalões, procuram não saber o que se passa no submundo social; fecham os olhos para a violência e o arbítrio comuns aos órgãos repressivos que coagem e violentam o menos favorecido negando-lhes direitos constitucionais primários.
Pés nas portas nas caladas das noites; reprováveis "prisões para averiguações"; fatos forjados para incriminar; etc. se reproduzem com constância nas periferias carentes.
Afinal, vozerio geral, ali está contido o cerne da criminalidade, e a truculência na ação deve ser perdoada.
Disso não se lembrou o redator e olvidou-se o Ministro!
Chico e Francisco têm, realmente, o mesmo valor?