De janeiro deste ano até o momento, as unidades da rede municipal de saúde de Mogi das Cruzes registraram ao menos uma notificação de violência contra a mulher por dia, sendo que Braz Cubas, Jardim Santos Dumont e Jardim Aeroporto lideraram as ocorrências. Em 2024, esta média era de três casos diariamente.
Os dados do Monitor Municipal de Gênero e Desigualdade (MMDG), painel interativo da Prefeitura de Mogi das Cruzes que reúne as principais bases de dados de violência contra a mulher, indicadores sociais e de desigualdades estruturais com recorte de gênero, também apontam que as mulheres pretas e pardas foram as que mais acionaram a Patrulha Maria da Penha.
O levantamento feito pela Secretaria da Mulher em parceria com a Divisão de Transparência e Promoção da Integridade de Mogi das Cruzes, da Secretaria de Governo, foram apresentados nesta sexta-feira (04/04) à frente parlamentar feminina da Câmara Municipal, formada pelas vereadoras Fernanda Moreno, Inês Paz, Malu Fernandes e Priscila Yamagami.
Segundo a secretária da Mulher, Lívia Bolina, o monitor, criado para de maneira inédita no contexto municipal proporciona a abertura de dados de diferentes fontes, produção de análises personalizadas e a maior série histórica possível sobre o perfil da mulher mogiana e suas experiências. “Todos estes dados irão nortear as políticas públicas para mulheres no âmbito municipal e serão referência para aprimorar o fluxo de coleta de dados sobre mulheres em Mogi”, destaca.
Além de gerar histórico de dados sobre desigualdade e violência, o monitor tem como objetivo melhorar a pontuação 34,6 de Mogi na ODS (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável) 5, que visa alcançar a igualdade de gênero e empoderar as mulheres, entre as 17 metas globais estabelecidas pela Assembleia Geral das Nações Unidas.
Nesta primeira fase, após amplo trabalho de coleta, limpeza e análise dos dados, foram criadas as visualizações do monitor, que reúne dados do Ministério da Saúde, Secretaria Municipal de Saúde, do Índice de Desenvolvimento Sustentável (mais especificamente o ODS nº 5), Tribunal Superior Eleitoral, Secretaria Municipal de Assistência Social e Secretaria Municipal de Segurança (Guarda Civil Municipal).
Ainda nesta etapa inicial, já foi constatada a diferença entre mulheres e homens que não estudam e nem trabalham é de 10%. “Com base na ODS-5, uma diferença pode indicar desigualdade de acesso ao mercado de trabalho e à educação, mas o principal fator a ser analisado é o motivo dessa diferença. Se estiver relacionada à sobrecarga doméstica, falta de políticas públicas para inclusão ou barreiras estruturais, há um problema de acesso para a mulher”, aponta Jamile Santana, chefe de Divisão de Transparência e Promoção da Integridade, da Secretaria Municipal de Governo.
Nos próximos passos do trabalho, o monitor será encorpado com outras bases de dados, informações econômicas, de emprego, educação, lazer, entre outras, que podem ser solicitadas pela Secretaria da Mulher, a fim de nortear a criação de Políticas Públicas e/ou sociedade civil.
Desta forma, perguntas específicas poderão ser mapeadas, com dados do monitor, para traçar, por exemplo, o perfil da mulher mais vulnerável às mudanças climáticas e das gestantes com ou sem acesso adequado ao pré-natal; os bairros onde as mulheres são mais vítimas de furto/roubo; os tipos de ocorrências de acidente em que as mulheres estão mais envolvidas, de acordo com atendimentos do Samu, assim como os principais locais (acidentes domésticos, na rua, no trabalho); a diferença salarial entre homens e mulheres em Mogi (por cargo); quantas vezes menos a mulher negra recebe em relação ao homem branco; entre outras.
Todas as bases de dados utilizadas estão disponíveis no Portal de Dados Abertos e o Monitor Municipal de Gênero e Desigualdades pode ser acessado em: https://dadosabertos.mogidascruzes.sp.gov.br/infodados