O Dia das Mães, comemorado neste domingo (12/08), tem um sabor ainda mais especial para as mulheres que criam seus filhos sozinhas. As “mães solos” se desdobram para dar conta sozinhas de uma responsabilidade emocional e financeira que deveria ser compartilhada. No Alto Tietê, em 2023, 6,4% dos bebês que nasceram não contaram com o nome do pai no registro.

 De acordo com dados do Portal da Transparência do Registro Civil, que apresenta um balanço dos nascimentos em todos o Brasil, as dez cidades da região somaram o nascimento de 19.551 crianças, sendo que 1.261 foram registradas apenas no nome da mãe. 

Biritiba Mirim aparece como o município com maior índice, sendo 9,7%, resultado de 218 nascimentos e 20 deles sem as informações paternas. Já em número totais, Itaquaquecetuba está em primeiro lugar com 395 bebês registrados nessas condições no ano passado.

Mãe de uma jovem de 23 anos, a manicure mogiana Roberta Florêncio faz parte dessa estatística. Responsável pela criação de sua filha desde o nascimento, ela precisou enfrentar diversos desafios após ser abandonada grávida, mas afirma que a maternidade foi e é responsável por dar sentido a sua vida. 

“Eu sai da casa dos meus pais com 15 anos e fui viver com meus tios em outro Estado. Três anos depois nos mudamos para São Paulo e conheci o pai da minha filha. Namoramos por quase um ano e descobri que estava grávida de dois meses e meio. Quando contei, ele disse que não queria assumir o filho e que eu deveria tirar a criança. É claro que eu não faria isso e no dia seguinte ele sumiu e assim permanece até hoje”, relata.

Roberta se viu sozinha grávida e morou praticamente no salão que trabalhava durante toda a gestação. “Meus tios foram embora de São Paulo e eu fiquei. Sempre contei com a ajuda das pessoas, com doações, porque eu não tinha mais casa. Me vi morando em uma favela em Diadema depois que ela nasceu e então decidi voltar para Mogi e esse recomeço foi muito difícil”, relembra.

Enquanto tentava um trabalho e se estabelecer financeiramente, Roberta contou com a ajuda de uma vizinha, que cuidou da sua filha enquanto ela não tinha condições. " Foram momentos muito complicados e sempre sozinha, mas com pessoas me ajudando. Hoje minha filha tem 23 anos e independente de todas as dificuldades, foi ela que deu sentido para a minha vida. Ela foi um propósito de vida. Vivo por ela, que é a pessoas mais importante para mim", detalhou a mogiana, que hoje comemora o sucesso e vida divida com Larissa Florêncio.

"Ela é uma filha excepcional, maravilhosa. Lembro de tudo que passamos e não acredito que cheguei até aqui. Acredito que tudo é possível quando se tem força de vontade", acrescentou. Questionada sobre como vê a maternidade, Roberta destaca os desafios e as recompensas. "Meu maior desafio era ser uma boa mãe. Me perguntava como eu poderia ser uma boa mãe, uma vez que eu nunca tive uma mãe boa, uma mãe presente e hoje eu em sinto uma mãe guerreira. Eu e minha filha somos muito amigas, ela é a minha pessoa e vejo como tudo valeu a pena", finalizou..