A declaração do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmando anteontem, durante visita a Ferraz de Vasconcelos, "ser praticamente impossível" manter as rodovias Mogi-Dutra e Mogi-Bertioga sem pedágio não agradou autoridades da região e também a sociedade civil representada pelo Movimento Pedágio Não, que retomará sua atuação oficialmente contra a cobrança no próximo dia 12.
O prefeito de Mogi, Caio Cunha (Podemos), se posicionou contrário novamente a cobrança e afirmou que não há informação detalhada por parte do governo do Estados sobre o assunto. Já o deputado estadual e presidente da Alesp afirmou que se reunirá com o republicano para expor os prejuízos que a cidade terá com a medida.
No início do ano, o governador já havia sinalizado de maneira positiva para a concessão das duas rodovias para a iniciativa privada, o que incluiria a instalação de pedágio no sistema free flow, também conhecido como pedágio de cobrança automática, onde não existem as cabines.
"É quase impossível manter uma rodovia dentro de uma concessão, com todos os trabalhos de manutenção, sem uma cobrança. Não faz sentido, mas vamos minorar o problema com justiça tarifária, de maneira que não tenha praça, que as pessoas paguem pelo que utilizem, que tenha desconto para o usuário frequentem, que a cada passagem seja reduzida a tarifa, assim a média no mês cai bastante", detalhou Tarcísio, em entrevista coletiva durante sua passagem pela região.
O presidente da Alesp reforçou ser contrário a instalação de praças de pedágios nas rodovias, de qualquer forma. “Vou trabalhar junto ao Governo do Estado e conversar com o governador Tarcísio de Freitas e o secretário de Estado de Parcerias e Investimentos, Rafael Benini, sobre essa questão, uma vez que a cobrança de pedágios no Alto Tietê acarretará prejuízos à população e aos investimentos na região, como por exemplo, deixar de atrair novas empresas”.
O prefeito, por sua vez, destacou que as discussões sobre o assunto até agora foram superficiais por parte do Estado e questionou porque a rodovia Mogi-Dutra seria escolhida para receber essa nova tecnologia de cobrança. "Como não há qualquer informação ainda mais aprofundada e detalhada a respeito de como isso vai acontecer, quando e porquê, como prefeito de Mogi das Cruzes já me posiciono contrário. Sobre o novo sistema, algumas dúvidas até o momento estão sem respostas, como o porquê da implantação da tecnologia ser na Mogi Dutra, quais serão os benefícios e os prejuízos para os moradores de Mogi e do Alto Tietê. Isso precisa ser esclarecido”.
Movimento
Procurado pela Reportagem, o Movimento Pedágio Não também aguarda informações oficiais sobre o assunto, reconhece que o modelo free flow reduziria o impacto para os moradores da cidade, mas também mantém seu posicionamento totalmente contrário ao pedágio. "Para nós é incabível, porque a Mogi-Dutra funciona para nós mogianos como a Marginal Tietê funciona para os paulistanos, ela interliga nossos bairros e nós teríamos que pagar para transitar na própria cidade", explicou Paulo Paulo Boccuzzi, um dos representantes do grupo.
Segundo ele, a declaração do governador a princípio causa surpresa, uma vez que o mesmo afirmou, ainda em campanha, que não retomaria o projeto do pedágio. "O prefeito o apoio no segundo turno com essa condição e agora ele adota esse discurso meses depois de assumir. Por isso vamos ter que recomeçar do zero nossa luta e no próximo dia 12 reativar oficialmente nosso movimento com a apresentação de um podcast com a participação de diversos apoiadores e que será transmitido pelas redes sociais", finalizou.