Entre janeiro e junho deste ano foram registradas 365.890 violações contra crianças e adolescentes, incluindo crimes de violência sexual, de acordo com o Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2021, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mais da metade das vítimas de violência sexual que chegam até as delegacias, desde 2018, tinham 13 anos ou menos.
Thaisy Ferraz, conselheira do Conselho Tutelar de Jundiapeba, relata que a violência sexual é um crime que acontece em muitos lares brasileiros: "O Brasil é o segundo país no mundo no ranking de violência sexual contra crianças e adolescentes". Segundo ela, as vítimas deste crime passam por isso repetidas vezes.
Utilizando os dados da Fundação Childhood Brasil, a conselheira explica que "cerca de 1.390 pessoas, desta faixa etária, sofrem com esta violência todos os dias". Ela destaca que, em geral, 82% dos agressores são conhecidos ou pessoas próximas da vítima, sendo que mais de 60% são os próprios pais. Dos casos atendidos em Jundiapeba, Thaisy relata, que de janeiro até maio, 18 foram de abuso sexual, sendo que dois foram confirmados como exploração sexual infantil. Já em 2021 foram 6 casos de abuso sexual."Todos os casos atendidos por nós, ano passado e esse ano, foram de abuso ocorrido dentro de casa e todos por padrastos e pais", destacou.
A conselheira defende que a baixa demanda de 2021 pode ter sido influenciada pelo isolamento social em decorrência da pandemia de Covid-19. "Uma vez que esses casos são cometidos dentro de casa e repetidas vezes, o fato das crianças e adolescentes terem ficado junto aos agressores prejudicou a denúncia do crime".
Para combater crimes sexuais contra crianças e adolescentes, o Conselho Tutelar de Jundiapeba realiza, em parceria com a Secretaria de Educação, campanhas nas escolas municipais. "A perplexidade que causa nas pessoas e o constrangimento em saber que o agressor pode ser o pai, avô, irmão, primo, faz com que as pessoas se calem. Esta omissão que acontece há anos alimenta a recorrência do crime, pois se não é denunciado, continua acontecendo".
De acordo com Thaisy, o trabalho do Conselho Tutelar deve ser associado à ação comunitária. "Denunciando mostramos ao agressor que estamos todos de olho e empenhados em proteger a infância e a adolescência". O Conselho Tutelar de Jundiapeba fica na rua Dolores de Aquino, 2.100, e atende de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas. Mais informações: 4794-1312 e 99558-7199 (plantão).