O advogado criminalista Carlos Barbará fez uma análise sobre o reflexo que a rebelião no presídio em Manaus, no Amazonas, pode ter no Alto Tietê e no Estado de São Paulo. Na nossa região existem dois Centros de Detenção Provisória (CDPs), um localizado em Mogi das Cruzes e outro em Suzano. Para o especialista, uma possível ação de facções, como ocorreu no Norte do Brasil, não deverá atingir a região, pois os presos que estão nos CDPs ainda aguardam condenação.
Barbará avaliou que o episódio registrado em Manaus pode atingir São Paulo, pois a rebelião teria começado na penitenciária por brigas entre facções. A prisão mais próxima do Alto Tietê fica em Guarulhos.
O criminalista esclareceu que rebeliões como a registrada no Amazonas não devem atingir a região, pois os detentos dos CDPs esperaram decisão da Justiça. "A pessoa que está no CDP aguarda uma solução do juiz e não fará nada que prejudique seu julgamento e sua liberdade. Por isso, eles toleram", afirmou.
Para Barbará, uma das principais situações que levam às rebeliões é a superlotação das penitenciárias. "O que os presos alegam é a superlotação. Eles falam que o único jeito de chamar a atenção dos órgãos de Direitos Humanos é assim", disse. O advogado acrescentou que o CDP de Mogi também possui mais presos do que a sua capacidade. "Falam que a capacidade é de 768 presos, mas nem isso cabe, pois existe a área flutuante, como a enfermaria. No CDP de Mogi temos 2,4 mil presos", disse.
Para o criminalista, o sistema penitenciário do Brasil está falido. "O objetivo da prisão é receber o cidadão e devolvê-lo íntegro, mas sabemos que a pessoa sai revoltada por aquilo que suportou e acha que pagou uma pena maior do que deveria", analisou.
Segundo o advogado, o Estado deveria investir mais no sistema carcerário para evitar a superlotação e, consequentemente, rebeliões. Ele avaliou que, mesmo com a rebelião que causou dezenas de mortes, não devem ser feitos grandes investimentos na área.