Nas manhãs de domingo, quem frequenta o Parque Max Feffer, no Jardim Monte Cristo, em Suzano, facilmente imagina, ao ver um senhor de cabelos grisalhos e traços nipônicos, carregando um skate diferente e dois bastões compridos debaixo do braço, que se trata de um avô levando o brinquedo para um neto. No entanto, ao dar uma volta pela pista do parque, a pessoa se surpreende ao ver que o senhor japonês, na verdade, é uma espécie de "skatista radical" da Terceira Idade. Isso porque o mecânico Mario Otsuka, de 73 anos, morador do município, inventou um skate para idosos e pratica o esporte no local pelo menos duas vezes por semana, há seis meses. "Quando estava lá pelos 40, 50 anos, percebi que estava com um monte de problemas de saúde, como pressão alta e dor no joelho. E sempre pensei que precisava fazer algo para mudar isso. Como gostava de inventar coisas, desde criança, surgiu a ideia de eu fazer esse skate para idosos. E ao começar a praticar o esporte desapareceram as doenças e dores", explica.
A criação do mecânico de autos deu tão certo que, além de melhorar a saúde, ele parou até de pagar o convênio médico.
Casado e pai de dois filhos, Otsuka é o único de casa (e, provavelmente, o único idoso de toda a cidade) que anda de skate. Ele afirma que já chamou familiares e os amigos para andarem com ele, várias vezes. Porém, alguns desistem quando caem, enquanto outros preferem nem se arriscar. "Já caí dois tombos, mas sem gravidade, até porque, por ter sido pensado exclusivamente para idosos, os bastões ajudam a ter equilíbrio. Desenvolvi também um sistema de freio, que é uma segurança a mais", detalha, mostrando que a velocidade do brinquedo é controlada pelo próprio praticante, que pode "remar" com os pés ou com o auxílio dos bastões.
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Feito com uma tábua de madeira que, segundo ele, suporta uma pessoa de pouco mais de 100 quilos, o shape (apoio onde se coloca os pés) é reto, sem elevações, e possui trucks e rodinhas originais de skate. Já o freio, que é um pequeno pedal vermelho acoplado à madeira, aciona uma alavanca com três borrachas que vão parando o equipamento, aos poucos, quando as pastilhas tocam o solo, ao ser pisado. Por fim, os bastões, que servem para dar sustentação ao skatista idoso, são os mesmos usados em cortinas, com a diferença de que possuem materiais emborrachados na área das mãos e na parte que toca o chão.
Apesar de toda a criatividade e iniciativa, Otsuka não pensa em patentear a invenção. "Em casa tenho vários objetos que inventei. Entre eles, uma lixeira basculante, que a pessoa nem precisa sair de casa para colocar o lixo lá fora. Só que no Brasil o processo para patente é muito caro e demora demais. Então, o skate eu fiz mais pensando na saúde mesmo, minha e de outros idosos", adianta, convidando quem se interessar a praticar o esporte com ele. 
Otsuka também faz exercícios todos os dias, de manhã e à noite, e procura ter uma alimentação sem excessos. "Cheguei à conclusão que o nosso corpo foi feito para se movimentar. Não para ficar parado", argumenta.