Mais de 300 famílias invadiram na madrugada de ontem um conjunto habitacional inacabado no Residencial Nova América, bairro do distrito de Palmeiras, em Suzano. O empreendimento, construído com recursos federais por meio do programa "Minha Casa, Minha Vida", apresenta 360 apartamentos que, no momento, estão totalmente ocupados. Conforme o Dat apurou, a obra estava paralisada e somente uma equipe de segurança era mantida no local.
A invasão, anunciada em vários bairros e até por meio de WhatsApp, teve início às 3h30 da amanhã. O movimento foi organizado pela Associação Esperança da Paz. Segundo o presidente da entidade, Cosme Aleixo da Silva, famílias da região de Palmeiras, da Vila Cunha, do Jardim Varan, do Jardim Ikeda, do Jardim Gardênia, entre outros bairros, participaram da ação e ocuparam os apartamentos.
Segundo relatos, dois seguranças estavam trabalhando no empreendimento quando as famílias chegaram, apesar disso não houve resistência. A Polícia Militar foi chamada, mas quando chegou ao local as unidade já estavam ocupadas, e por isso apenas acompanhou a movimentação das pessoas.
Na manhã de ontem, a circulação de famílias na área era bastante grande. As portas das unidades foram identificadas com os nomes dos invasores. Alguns homens tentavam fazer ligações clandestinas de água e luz, enquanto as mulheres iniciavam a limpeza dos apartamentos de 43 metros quadrados com dois quartos, sala, banheiro, cozinha e área de serviço.
A quantidade de carros estacionados no empreendimento, sendo alguns deles bastante caros, como um Volkswagen Jetta e um Citroën C4, e o sistema de controle de acesso ao local chamaram a atenção. Dois veículos foram estacionados de lado para formar uma barreira na pequena via de acesso ao condomínio. Alguns homens abordavam os motoristas dos carros que chegavam para que se identificassem e, somente após autorização, era possível entrar na área interna onde estão os blocos.
"Essas pessoas que estão aqui viviam em barracos, de favor na casa de parentes e muitas vezes em situação de miséria. Esse condomínio estava abandonado, sendo invadido por bandidos que furtavam materiais e foi palco até de um assassinato, porque uma menina foi morta aqui dentro", explicou o presidente da Associação Esperança da Paz, Cosme Aleixo da Silva. Segundo ele, as famílias querem cuidar dos prédios, arrumar o que foi quebrado anteriormente, como portas, janelas e telhados, e terminar o que ainda falta da obra. "Essas pessoas estão cadastradas nos programas sociais da prefeitura. Essa ocupação se trata de um caso social e não de polícia", declarou.
O Dat procurou a Prefeitura de Suzano e a Caixa Econômica Federal, responsável pela obra, mas em função do feriado do Dia da Consciência Negra, a administração e o banco devem se manifestar sobre o assunto somente na segunda-feira.
Durante todo o dia de ontem, uma viatura da Guarda Civil Municipal (GCM) permaneceu no local apenas para acompanhamento.