Destaque neste mês para a campanha Dezembro Laranja, dedicada à prevenção e detecção precoce do câncer de pele. O cirurgião oncológico dr. Ricardo Motta alerta para a alta de casos da doença no Brasil e para o efeito negativo de informações falsas sobre proteção solar. Segundo ele, que é membro do Grupo Brasileiro de Melanoma (GBM), as medidas de proteção, como o uso correto de filtro solar, devem ser mantidas durante o ano inteiro. Segundo o Ministério da saúde, o câncer de pele mais frequente no Brasil é o não melanoma e corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no país.
O médico reforça que os cuidados são essenciais para a proteção da pele, já que o Brasil é um país tropical, com alta incidência de raios ultravioletas (uv) durante todo o ano. De acordo com ele, a estimativa é de de 180 mil novos casos de câncer de pele em 2025. “Esse é um número baixo porque a população não tem total acesso à procura por médicos, porque na realidade, por uma subnotificação, o total deve ser maior", explica Motta.
A falta de atenção a hábitos simples, aponta ele, contribuiu para o surgimento de novos casos. "Eu realizo sempre diversas cirurgias desse câncer. É um tumor extremamente frequente, que acomete as áreas expostas, como rosto e mãos. E a incidência é o ano todo", acrescenta Motta. Ele ainda destaca que os cuidados devem ser mantidos de forma continua, mas com cautela especial em dezembro quando a incidência dos raios solar é maior.
Motta ressalta, porém, que o câncer de pele é uma doença altamente evitável, por isso a importância de hábitos preventivos, como a proteção mecânica - um fator, segundo ele, ainda pouco utilizado pela população. Trata-se da proteção que envolve o uso de barreiras físicas para bloquear a radiação solar, em complemento ao uso de protetor solar tópico, como as roupas com proteção UV, camisetas com tecido contra radiação, chapéus ou bonés, especialmente para crianças e idosos. O médico afirma que podem parecer opções mais caras, mas "a prevenção sai sempre muito mais barata do que tratar a doença".
O médico recomenda ainda que a exposição direta ao sol ocorra preferencialmente entre 8h e 9h da manhã, evitando horários de maior intensidade, que podem causar a doença ao longo do tempo. “A lesão é acumulativa: o paciente às vezes toma sol quando criança, depois como adolescente e na vida adulta, e quando chega na fase idosa, tem o diagnóstico de câncer de pele porque os danos vão sendo somados”, detalha.
O uso correto do filtro solar é igualmente essencial, segundo o Dr. Motta. Ele orienta que ele deve ser reaplicado sempre que a pessoa entrar na água ou se secar, seja na piscina ou no banho de mar. “Não adianta só passar uma vez. Toda a prevenção depende da constância”, reforça.
Observar sinais suspeitos na pele é outro ponto importante. Segundo ele, quando detectado precocemente, o câncer de pele tem chance de 90% de cura. Mudanças como manchas que coçam, descamam ou sangram; pintas que mudam de tamanho, forma ou cor; ou feridas que não cicatrizam devem ser avaliadas rapidamente. O médico recomenda o uso do chamado 'ABCDE' para identificar lesões suspeitas: assimetria, bordas irregulares, coloração intensa, diâmetro elevado e escamação ou sangramento.
Desinformação
Nos últimos anos, segundo o especialista, vem crescendo o impacto de informações falsas sobre proteção solar. “A internet está cheia de pessoas idiotas. É triste porque, além de lutar contra a incidência elevada do câncer, a gente luta contra as fake news. Está cheio de gente falando em vídeos que tem que deixar o sol queimar mesmo, foge até do bom-senso", alerta. Ele cita que outras áreas da saúde sofrem o mesmo problema de vídeos virais e informações falsas nas redes sociais, com pessoas que se passam por especialistas.
"Infelizmente por esses e outros fatores os casos de câncer de pele estão crescendo. A população está crescendo e muitas vezes os cuidados estão sendo negligenciados", conclui.