Dois pais de alunos da escola particular Catavento, em Arujá, procuraram a polícia na semana passada para denunciar a instituição por supostos maus-tratos. Um boletim de ocorrência foi registrado na Delegacia da cidade, que instaurou inquérito e, no momento, investiga o caso por meio de imagens e áudios gravados e que apresentam as proprietárias do local falando de forma ríspida com dois alunos e os obrigando a comer, além de colocar um deles de castigo de pé com uma caixa de papelão na cabeça. 
Conforme o Dat apurou, a escola foi inaugurada há dois anos e atende cerca de 70 alunos de seis meses e cinco anos. O valor da mensalidade varia entre R$ 1,1 mil e
R$ 1,5 mil. A denúncia sobre os maus-tratos partiu de uma funcionária que trabalhava no local e gravou as imagens e os áudios com um aparelho celular.
No vídeo, é possível ver um dos meninos sentado em uma cadeira própria para alimentação e uma das diretoras o forçando a comer. Ao voltar de outra sala e ver que o aluno cuspiu a comida, ela diz: "Cuspiu? Ótimo. Você vai ver o que vai acontecer agora. Me enfrenta que você vai ver. Primeiro que vai ficar sujo, que eu não vou limpar", ela diz. Em seguida, ela passa um papel toalha na boca da criança e completa: "Você vai ter que entender o seguinte: quem manda aqui não é você!". Em outro vídeo, é possível ver outro garoto de pé com uma caixa de papelão na cabeça enquanto passava por um castigo e também com uma argola de borracha nas mãos. Ele era obrigado a segurar o objetivo no alto da cabeça por mais de uma hora sem comer ou beber, segundo a mãe do menino, que pediu para não ser identificada.
Nos áudios, uma das proprietárias grita para que a criança mastigue e coma a comida. A diretora ainda ameaça o aluno ao dizer que irá virá-lo de cabeça para baixo caso ele não engula o alimento. As imagens foram apresentadas primeiro a um advogado, que levou o caso para o Conselho Tutelar. O órgão esteve na escola na última quinta-feira. No dia seguinte, as aulas foram suspensas com a justificativa que havia problema na caixa d'água. Em seguida, as mães dos alunos que aparecem nas imagens receberam a denúncia e tiveram acesso às imagens. O caso foi relatado à polícia por um dos pais no último dia 20.
Escola
As proprietárias foram procuradas, mas o contato foi feito com o advogado da instituição, Alexandre de Thomazo. Segundo ele, as diretoras não tiveram acesso às imagens e áudios e aguardam serem intimadas pela polícia. "Elas estiveram na delegacia na sexta-feira, mas o delegado não as ouviu por não ter visto ainda todas as imagens. As duas estão emocionalmente abaladas e não abriram a escola com esse intuito". A reportagem também procurou a Delegacia de Arujá, mas foi informada por atendentes que o caso está sob sigilo e que o delegado responsável não se manifestará sobre o assunto por enquanto.