A Fundação Humanitária de Gaza (GHF, da sigla em inglês) disse neste sábado (5) que dois trabalhadores dos Estados Unidos sofreram ferimentos sem risco de morte em um ataque com granada a um local de distribuição de alimentos em Khan Yunis. A fundação, apoiada pelos EUA e por Israel, disse em comunicado que os norte-americanos feridos estavam recebendo tratamento médico e em condição estável. "O ataque – que, segundo informações preliminares, foi realizado por dois assaltantes que atiraram duas granadas contra os norte-americanos – ocorreu no final de uma distribuição bem-sucedida, na qual milhares de habitantes de Gaza receberam alimentos em segurança", disse a fundação. A GHF, que começou a distribuir ajuda em Gaza em maio, emprega militares privados dos EUA encarregados de fornecer segurança em suas instalações. Não ficou claro quem estava por trás do ataque. O exército israelense, em uma declaração posterior, acusou o que chamou de "organizações terroristas" de sabotar a distribuição de ajuda em Gaza. Já o presidente da fundação, Johnnie Moore, escreveu nas redes sociais que "as primeiras indicações são de que se tratou de uma ação hostil do Hamas", o movimento radical palestino que governa a Faixa de Gaza desde 2007. "A GHF continua a investigar e informará à medida que houver mais informações disponíveis", acrescentou Moore, segundo a agência de notícias espanhola Europa Press. Entenda A fundação começou a distribuir caixas de produtos alimentares em 26 de maio, após um bloqueio de dois meses e meio imposto por Israel à entrada de toda a ajuda humanitária no território palestino devastado pela guerra. Israel manteve o bloqueio apesar dos sucessivos apelos das Nações Unidas e de organizações não-governamentais (ONG) sobre o risco iminente de fome, bem como de acusações de uso da fome como arma de guerra. As distribuições do GHF deram origem a cenas caóticas. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos declarou na sexta-feira (4) que registrou 613 mortos durante a distribuição de ajuda em Gaza, desde o início das atividades da fundação. Desse total, 509 pessoas foram mortas perto dos centros da GHF. O exército israelense reconheceu em várias ocasiões que os soldados abriram fogo contra suspeitos que alegam representarem uma ameaça nas imediações dos centros GHF, onde multidões de palestinos famintos formam enormes filas todos os dias, segundo testemunhas. A Defesa Civil de Gaza anunciou hoje a morte a tiro de oito pessoas perto de um ponto da GHF em Raffah, no sul do enclave. O exército de Israel tem repetidamente responsabilizado o movimento Hamas, contra o qual está em guerra desde 7 de outubro de 2023, por estes incidentes. As restrições impostas aos meios de comunicação social e as dificuldades de acesso no terreno em Gaza tornam extremamente difícil verificar de forma independente as alegações de ambas as partes. A ONU e as ONGs internacionais consideram a GHF incapaz de executar a distribuição da ajuda, enquanto a fundação defende que nenhum dos incidentes está relacionado com o seu trabalho. Israel lançou uma ofensiva de grande escala em Gaza que matou mais de 57 mil pessoas, depois de ter sofrido um ataque do Hamas em outubro de 2023, que causou cerca de 1,2 mil mortos e 251 reféns. Israel, Estados Unidos e União Europeia consideram o Hamas como uma organização terrorista. Relacionadas Fundação suspende ajuda em Gaza após disparos; 10 pessoas morreram Em um mês, 516 palestinos foram assassinados buscando comida em Gaza