Giovanna Antonelli está habituada a personagens fortes. No currículo da atriz, entre mocinhas e vilãs, papéis centrais ou não, ela sempre acaba se destacando. Por isso, em "A Regra do Jogo", as expectativas são as melhores para Atena, sua personagem. Os motivos são muitos. Além do reencontro com Alexandre Nero, com quem contracenou em "Salve Jorge", Giovanna volta a participar de uma trama de João Emanuel Carneiro, que escreveu para ela a inescrupulosa vilã Bárbara, de "Da Cor do Pecado". "Voltar a fazer um texto do João depois de dez anos, com a direção da Amora Mautner, ao lado do Nero e de outros tantos excelentes atores é realmente tudo que eu queria para esse momento", diz.
O sucesso de "Avenida Brasil", última novela do autor, não chega a assustá-la. "Acho que as histórias e as pessoas são únicas. Ele não é de se repetir. Ele conta a trama de uma forma rica, cheia de ganchos. Aguça a curiosidade, tanto do público quanto a nossa", afirma a atriz, que de forma modesta rechaça a fama de estar sempre em evidência, independentemente do tamanho de seu papel.
Apesar de exaltar os reencontros, eles não são o único motivo para a empolgação de Giovanna. É que, pela primeira vez, ela interpreta uma personagem dúbia. Na atual novela das nove, Atena é do tipo que faz tudo para se dar bem. "É uma 171 de carteirinha, mas é doce, divertida", derrete-se. Sempre atrás de bons golpes para sustentar sua vida de luxo, a personagem leva a vida de forma leve. Dona de um passado miserável, Francineide - seu nome de batismo - dissimula, clona cartões e enrola quem estiver na sua frente. "Eu nunca estive na pele de uma personagem com tantas tintas. Ela tem o lado Francineide, o lado Atena, muitos altos e baixos", conta. Para assumir tantas facetas, foi preciso um longo processo de composição.
É claro que, para conseguir o que quer com seus golpes, Atena usa e abusa da sedução. Para enrolar Romero, de Nero, ela entra em um triângulo amoroso com ele e Tóia, interpretada por Vanessa Giácomo. Mas, segundo Giovanna, as relações amorosas não são o foco de sua personagem. "O negócio dela é dinheiro", define, aos risos. O humor também foi parte fundamental do processo de construção do papel. "Sou bem humorada. Acabo levando isso sempre para as minhas personagens. E acho que nela cabe muito bem. Ela é amoral, fala tudo o que pensa. Para mim, tem sido um escape e tanto", diverte-se.
Giovanna, também, se preocupa muito com o que mostrar do lado de fora de seus trabalhos. Por isso, tudo que exibe em cena acaba virando tendência e item requisitado. Foi assim com o cabelo platinado e curto de Bárbara, em "Da Cor do Pecado", com as capas de celular da delegada Helô, em "Salve Jorge", e com os "bodies" decotados de Clara, de "Em Família". ("A Regra do Jogo", Globo. De segunda-feira a sábado, às 21h10)