O psicólogo João Gabriel de Aguiar estava esperando uma oportunidade para trocar de carro. Com o dinheiro na mão, optou por um Hyundai i30 2012 automático, com 20 mil km rodados, em vez de um zero-km. Como ele, muitos consumidores estão abrindo mão do zero-km em prol de veículos de "segunda mão" - em geral mais bem equipados.
Aguiar, que era dono de um VW Gol 1.0 ano 2006, chegou a cotar modelos novos. Com os R$ 41 mil que tinha disponíveis, encontrou carros como Hyundai HB20 e Chevrolet Onix.
Os números comprovam. Enquanto o mercado de novos passa por um período de retração, as transferências de usados mantêm saldo positivo. No mês passado, a alta foi de 3,9%, no caso de automóveis, e 7,9% no das picapes e utilitários-esportivos, de acordo com dados da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto). Em julho, foram transferidas 796.528 e 134.256 unidades, respectivamente, ante o mesmo mês de 2014.
No acumulado do ano, as vendas de automóveis usados somaram 4 954.678 exemplares, com alta de 3,9% em relação ao mesmo período de 2014. No caso dos comerciais leves, o avanço foi de 7,2%, com 794.222 transferências.
Os números impressionam quando comparados com as vendas de automóveis e comerciais leves novos, que caíram 21,6% em julho, ante o mesmo mês do ano passado. A informação foi divulgada pela Fenabrave, federação que reúne associações das concessionárias.
"Com a incertezas do cenário econômico, o consumidor encontra boas oportunidades entre os seminovos", afirma o presidente da Fenauto, Ilídio dos Santos. "Por isso, esse mercado se mantém levemente aquecido."
Ranking
Segundo a Fenauto, os modelos mais comercializados em julho foram os que têm entre quatro e oito anos de uso, com 435.627 unidades vendidas. No ranking, o primeiro lugar é do Volkswagen Gol.