Uma menina de 2 anos morreu, na tarde de anteontem, com um ferimento na testa e profundamente desnutrida, logo após ser levada pela equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) até o Hospital Municipal de Brás Cubas. Segundo informações do boletim de ocorrência registrado como "homicídio culposo (sem intenção) e maus tratos", no 4º Distrito Policial (DP) de Mogi das Cruzes, quando o Samu chegou até o local indicado, na avenida João de Souza Franco, no distrito de Jundiapeba, a mãe da bebê, de 37 anos, estava com ela no colo, na rua em frente ao condomínio onde moram. A vítima foi prontamente socorrida pela equipe e o médico teria percebido um hematoma na testa da criança e que ela estaria em "avançado estado de desnutrição". A menina deu entrada na unidade hospitalar já morta.
Diante do fato, a Polícia Militar foi chamada e, ao questionar a mãe da bebê, ela afirmou estar "em depressão", motivo pelo qual dorme tarde, por volta das 6 horas da manhã. Aos policiais, a mulher disse ainda que tinha alimentado a criança no dia anterior, porém, não soube precisar mais detalhes. Ao acordar, às 14 horas, ela constatou que a filha estava na cama "com o corpo frio e sem reação". Foi quando resolveu chamar o Samu e ficar do lado de fora de casa, à espera da ambulância.
A mulher contou também à PM que, no dia anterior, a menina tinha caído do cercado onde costuma ficar e, por isso, teria machucado a testa. A queda teria sido às 19 horas de anteontem e a mãe não a socorreu - apenas deu água para ela e a criança acabou indo dormir, sem comer, às 2 horas da madrugada de ontem.
Depois de apresentar os dados na delegacia, a PM foi até o apartamento da família, onde ficou o padrasto da vítima e do irmão gêmeo dela, bem como o filho do casal, de 1 ano. A moradia, conforme os policiais, estava inabitável, em estado "deplorável", sem o mínimo de higiene, com muito lixo e forte cheiro de fezes e urina. O irmão gêmeo da garotinha também possuía sinais de desnutrição e, tanto ele, quanto o irmão mais novo (filho do casal), foram tirados do convívio familiar pelo Conselho Tutelar.
O delegado-titular do 4º DP, César Donizete Benedicto, determinou a instauração de inquérito para apurar os fatos e está aguardando laudos, além de ouvir testemunhas, para avaliar a responsabilidade dos dois no caso.