Após quatro meses em greve, os médicos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) retornaram ao trabalho ontem e, com isso, os atendimentos foram normalizados nas três agências do Alto Tietê: Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes e Suzano, onde há 33 médicos para prestar esse serviço.
Embora os profissionais tenham retomado o atendimento, eles mantêm o estado de greve e, segundo o delegado regional da Associação Nacional dos Peritos da Previdência Social (ANMP) de Guarulhos e Alto Tietê, Osvaldo Mangolim, ainda existe a possibilidade de os profissionais paralisarem novamente, já que as solicitações deles não foram atendidas. "Não tivemos nossos pleitos atendidos pelo governo e estamos mantendo o estado de greve", afirmou. "Voltamos para amenizar essa situação de caos. São milhares de pessoas que dependem do benefício e não foram atendidas". A categoria reivindica restruturação da carreira, recomposição salarial e melhores condições de trabalho.
Mangolim ainda disse que a ANMP pediu ao INSS para priorizar os atendimentos que eles chamam de AX1, que são os casos de primeira perícia, mas também não foram atendidos. "Pedimos para dar essa prioridade, para que essas pessoas não fiquem sem o benefício, mas nem todas as agências estão fazendo isso". No entanto, o INSS afirma que a regra de priorização do atendimento é definida pelo instituto.
Por meio de nota, a Previdência Social informou que a "intransigência da associação dos médicos peritos impossibilitaram que o movimento pudesse ser solucionado na mesa de negociação", destacando também que os profissionais recusaram as propostas do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. "O principal ponto de discordância, e que motivou o não retorno de parte dos peritos à atividade, é a exigência de redução da jornada de trabalho, de 40 para 30 horas semanais, sem a correspondente redução da remuneração", informou.
A greve teve início dia 4 de setembro, quando os atendimentos começaram a ser prejudicados, como foi o caso da auxiliar de limpeza Maria Janice dos Santos, de 54 anos, que sofreu um acidente e não tem mais condições de trabalhar, pois quebrou a perna em quatro partes e ainda fraturou o tornozelo. "Desde setembro eu só venho recebendo o papel de reagendamento, mas hoje consegui, finalmente, ser atendida para continuar recebendo o benefício", disse.
O pedreiro Valdemir Araújo, 30, caiu de um andaime e fraturou a perna, por isso ele precisa ser licenciado e continuar recebendo o benefício. "Hoje demorou um pouco, mas consegui ser atendido. Estou afastado há três anos", contou.
O encanador Ivo Paixão, 58, também sofreu um acidente e precisou se afastar do trabalho. "Eu agendei a perícia em dezembro e já consegui ser atendido hoje", disse.
O agendamento pode ser feito pelo telefone 135.