Dizem que só da pessoa dizer que é humilde já demonstra que ela não é. Sendo virtude, a maioria de nós deseja ser reconhecida como humilde, mas ficamos acanhados quando alguém nos aponta em público como humilde. Uma vez ouvi um pastor dizer: "Se vocês pensam que sou humilde devo dizer que não sou não sou mesmo!" Eu acho que ele como modelo espiritual deveria, pelo menos, procurar ser. Na verdade, mais que uma mera encenação deveríamos fazer da humildade o nosso traje diário. A pior coisa é quem pensa que é sem ser. 

O nosso maior inimigo é o orgulho que nos faz pensar que somos sempre melhores do que os outros. Nenhuma criança nasce com sentimento de servir, a enormidade do seu "eu" egoísta não deseja repartir nada do que tem, mas chora e esperneia quando não consegue tirar dos irmãozinhos ou amiguinhos o brinquedo desejado. Ela é o centro do Universo e todos tem que orbitar ao seu redor. O livro de Jim Collins Empresas Feitas Para Vencer, lançado em 2001, é um sucesso de vendas. O assunto se desenvolve em suas páginas baseado em duas perguntas: Uma boa empresa pode tornar-se uma grande empresa? E se pode como isso acontece? Onze corporações que eram boas e se tornaram grandes foram pesquisadas para nos dar a resposta.  A primeira qualidade, sem surpresa: seus executivos possuíam um incrível desejo profissional de fazer a empresa crescer. A segunda característica não era algo que os pesquisadores esperavam encontrar: seus lideres eram abnegados e modestos. Eles sempre se referiam a contribuição de outros como causa do sucesso, sem chamar atenção para si mesmos. 

A humildade nos dá satisfação, não na exaltação, mas sim na realização. Saber se comportar nos livra de passar constrangimento no meio social, familiar e cultural em que vivemos. Em um museu na Europa existe um salão com um piano que pertencia a um dos mais celebrados músicos de todos os tempos. Certo dia, uma visitante sentou-se àquele piano na presença de muita gente e executou algumas músicas. Depois, dirigindo-se a um dos guardas, perguntou: "Muita gente visita esta sala do museu?" "Sim, muita gente. Ontem mesmo esteve aqui o pianista mais famoso do mundo". A moça curiosa perguntou: "E ele executou alguma música?" "Não, julgou-se indigno de tocar no piano que pertenceu a J. S. Bach". Envergonhada, ela retirou-se cabisbaixa, compreendendo que tropeçou no que fez pensando em obter alguns minutos de fama. Disse Jesus: "Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus".


Mauro Jordão é médico.