No berçário de muitas maternidades observou-se que colocando na mesma incubadora, onde se acha um recém-nascido com dificuldade respiratória, uma criança que está bem, o contato tátil de ambas favorece de modo mais rápido a normalização da ventilação pulmonar do bebê comprometido. De um modo poético alguém disse: "Tocamos o céu quando colocamos as nossas mãos num corpo humano". A pele é o maior órgão do corpo em sua extensão de 1,5 a 2 m2 que nos veste e nos reveste de proteção e de sensação de prazer, dor, frio e calor pelo tato; essas emoções são transmitidas através da rica rede de inervação e vascular cutânea aos 100 bilhões de neurônios no cérebro que se comunicam pelas suas sinapses. Também, é no contato da pele que expressamos sentimentos de amor, simpatia, acolhimento e segurança.
Davi escreveu no Salmo 131:2 "Fiz calar e sossegar a minha alma; como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe..." Com essas palavras Davi nos diz que não devemos nos aninhar nos braços de Deus apenas em busca de alimento e bens materiais, mas como uma criança desmamada que procura o prazer de sentir-se envolvida pelos braços de amor do Pai. Nada melhor para nós que vivemos num mundo tão hostil, guiado pelas rédeas do ódio, ter essa paz e segurança.
Quando em espírito tocamos Deus, sentimos, também, o prazer de nos aproximar e não de nos distanciar do próximo, tocando com amor a sua pele num abraço ou num aperto de mão. Garanto que fazendo assim seremos mais saudáveis sobre a face da terra porque teremos vida, e vida em abundância. Somos mais de 5 bilhões de pessoas conectadas à rede da internet, e por causa dessa vivência demasiada com a imagem e com o som nos tornamos virtuais demais, perdemos com isso o sabor de nos comunicar de perto pela fala e pelo toque da pele humana. Há o risco de sermos transformados em "robôs" sem emoção. É proibido proibir o ser humano de tocar o seu semelhante.
Mauro Jordão é médico.