A morte de uma mulher em uma casa irregular que abrigava pessoas idosas em Mogi das Cruzes na última terça-feira (29/04) e mais de 20 pessoas vítimas de maus-tratos, abandonadas no local, chamam a atenção para a falta de políticas públicas que apoiem os idosos que demandam maiores cuidados e suas famílias. Eles ficam à mercê de verdadeiros criminosos, com uma opção duvidosa de moradia, que não garante o mínimo, como o acesso à saúde.  

A parcela da população com 60 anos ou mais cresce a cada dia, temos faixas etárias de crianças que já são superadas pelas de pessoas idosas, e é preciso pensar em projetos e ações para esse público, não apenas na área da saúde e assistência, mas de forma multidisciplinar, oferecendo oportunidades para que possam ter lugar de fala e ocupar os mais diferentes espaços nas cidades.  

O termo melhor idade muito comum em equipamentos públicos não condiz com a realidade da grande maioria, que por falta de condições financeiras melhores pode acabar infelizmente vivenciando situação como dos idosos encontrados nesta semana. O valor da aposentadoria ou do Benefício de Prestação Continuada (BPC) nem sempre contempla tudo o que o idoso precisa, ele termina tem que voltar ao mercado de trabalho, muitas vezes de maneira informal. Ou ainda pior o recurso pode acabar sendo usado indevidamente por um familiar, aliás é na família muitas vezes que ocorrem os casos de violência contra a pessoa idosa.  

Mas nem todos os familiares são vilões, há também o descaso, a falta de reconhecimento da importância do cuidado informal, o cuidado exercido pelas famílias, que também impacta a vida econômica, necessitando que alguém pare sua atividade para exercer o cuidado. Inclusive geralmente são as mulheres as cuidadoras, e também temos idosos cuidando de idosos, sem o devido suporte. Em outras cidades, temos mais que o acompanhamentos dos acamados, com o acolhimento voltado também para quem vive sozinho e em situação de vulnerabilidade.  

São muitos os desafios diante do envelhecimento da população, são necessárias e urgentes políticas públicas direcionadas para o atendimento cada vez mais amplo para esse público, que é o passado e será o futuro das gerações mais jovens.