A Favela do Moinho, localizada sob o viaduto Engenheiro Orlando Murgel, entre as linhas de trem da CPTM 7-Rubi e 8-Diamante, nos bairros de Campos Elísios e Bom Retiro, região central de São Paulo, está mais uma vez sendo alvo de debate público e político, que envolve a remoção das famílias que vivem no local há mais de três décadas.  

A moradia irregular que surgiu no início do ano de 1990, na área onde funcionava um antigo moinho industrial, está desde então procurando um destino e uma identificação social dos seus moradores, que foram esquecidos pelo poder público. A questão é que o nascimento de qualquer favela no Brasil tem essa mesma narrativa histórica – pessoas sem acesso à moradia digna, procurando locais com as suas condições financeiras, invasão, ocupação, e os representantes políticos longe desse cenário. 

E aqui em Mogi das Cruzes, se as autoridades competentes não se posicionarem, é capaz desse “capítulo de habitação social” ser escrito na cidade de forma negativa. Esse direcionamento é observado por qualquer usuário das estações ferroviárias de Braz Cubas e Mogi das Cruzes, que pertencem à Linha 11 Coral, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

Se desconsiderarmos o nome do local (Favela do Moinho), as outras características de moradia irregular com o município, são comuns: Uma linha de trem cercada por ocupações irregulares, próxima da região central, que vem a cada dia se desenvolvendo antagonicamente!

Eu, que utilizo bastante esse transporte público, vejo o ambiente com o coração apertado. Uma imagem não me sai da cabeça. Olhando pela janela do trem as gotas de uma forte chuva, vejo uma senhora tentando andar com um carrinho de criança, na lama que abriga à favela, próxima da estação Mogi das Cruzes. Essa cena representa o quanto as pessoas se submetem a viver em um local impróprio, por pura necessidade! Será que os representantes políticos da maior cidade do Alto Tietê, não vão reescrever essa história? 

Marcelo Barbosa é jornalista, pedagogo e psicanalista. Autor da trilogia “Favela no divã” e “A vida de cão do Requis”.