Eu nunca pensei em ser um profeta apocalíptico da falta de moradia digna, mas recentemente recebi esse título em uma rede social. O seguidor disse que a minha mensagem transmite o fim dos tempos da população nesse ambiente de vulnerabilidade e me parabenizou pela coragem de alertar, enquanto alguns romantizam a pobreza na favela. É claro que eu recebi com alegria o elogio, mas reforcei que enquanto estudioso do assunto, eu apresento a minha experiência empírica e as diversas evidências e pesquisas cientificas sobre o assunto. 

Por exemplo, o título desse artigo, é do relatório de 02 de julho de 2013, repito leitor: 2013! 2-0-1-3! O conteúdo que faz parte da Pesquisa Mundial Econômica e Social, divulgados na época pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da Organização das Nações Unidas (ONU), alertava que caso não haja ideias para enfrentar a rápida urbanização, em todo o mundo, três bilhões de pessoas viverão em favelas em 2050. De lá, para cá, ideias com resultados sociais ainda são insuficientes. 

O que temos de concreto, são os números aumentando de pessoas vivendo em locais inapropriados ou área de risco por descaso público, guerras ou fenômenos da natureza. Em todo o mundo, 1 bilhão de pessoas vivem nesses espaços de vulnerabilidade social. O último dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresenta o Brasil com 16,4 milhões de pessoas morando em favelas, sendo que no Alto Tietê, temos 166 mil pessoas vivendo em moradia irregular.

Após a Pesquisa Mundial Econômica (PME), em 2015, a ONU estabeleceu 17 metas de Desenvolvimento Sustentável a serem alcançadas até 2030 por governos, empresas, sociedade civil e cidadãos. O objetivo 11, procura tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
Profecia difícil essa...
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Marcelo Barbosa é jornalista, pedagogo e psicanalista. Autor da trilogia “Favela no divã” e “A vida de cão do Requis”.