Houve um tempo em que a informação era unidirecional, ou seja, poucos canais, conteúdos delimitados, públicos específicos, audiência determinada. Era o período analógico, que, pelas ondas do rádio, as impressões dos jornais e revistas, as imagens das emissoras de televisão, levavam as notícias que os transmissores achavam relevantes aos seus ouvintes, leitores e telespectadores.
Atualmente, vive-se a era do streaming, da programação personalizada, das múltiplas opções de programas, dos canais segmentados, das informações instantâneas, imediatas e variadas. Uma revolução imperada pelo circuito digital, que trouxe uma nova dinâmica à produção, circulação e recepção das informações.
Vive-se, no entanto, um paradoxo. Enquanto as opções eram menores, os públicos eram mais informados. Atualmente, quando a abundância de conteúdo é incalculável, presencia-se uma desordem informacional, e, por sua vez, uma disseminação, cada vez maior, de informações duvidosas, inverídicas, sensacionalistas, gerando um caos na sociedade.
Um período que exige cuidados especiais para o que se lê, ouve, assiste e acompanha pelas múltiplas plataformas. Pensando neste cenário, a Semana Brasileira de Educação Midiática, realizada entre os dias 29 de outubro e 1 de novembro, pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom PR), em parceria com o Ministério da Educação (MEC), com a Unesco e apoio da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), estendeu este debate com a sociedade.
Com o tema "Conectando territórios e diversidades", avaliou, por meio de rodas de conversa com públicos variados – do infantil ao adulto -, como as diferentes realidades se relacionam com a informação nos meios digitais. Procurou, durante as atividades, enaltecer o desenvolvimento das habilidades digitais, necessárias para o século XXI.
O evento oficial chegou ao fim, no entanto, as ações, organizadas por pesquisadores em diferentes partes do país, seguem aprofundando os debates sobre uma educação que propicie, desde a base, uma alfabetização e letramento informacional, midiático e digital.
Suéller Costa (sueller.costa@gmail.com) é jornalista, pedagoga, educomunicadora e pesquisadora. Doutoranda em Educação (FEUSP). Mestre em Ciências da Comunicação (ECA/USP). Especialista em Educomunicação (ECA/USP). Sócia da ABPEducom e APEP. Idealizadora do Educom Alto Tietê. Contatos: @educomaltotiete; @suellercosta