O grande navio, com seu forte casco, abria caminho com facilidade nas águas inquietas do grande mar, um marinheiro limpava o vidro côncavo que protegia a bússola indicadora do Norte magnético, necessário às coordenadas seguras da direção a seguir. O estilete usado para retirar as sujeiras fixadas nas bordas quebrou deixando ali encravado um pedaço metálico da ponta, o marujo não percebeu. Esse metal tão pequeno foi suficiente para avariar a bússola, e a agulha magnética desviada levou a embarcação, à noite, a ser lançada sobre os rochedos, causando sua total destruição.
De Thomas Jefferson (1743-1826) temos a frase: "Estremeço por meu país quando reflito que Deus é justo; que sua justiça não pode dormir para sempre". A "bússola" do nosso país está avariada desde os tempos do Brasil Colônia. Temos que navegar de dia com um marujo lá no topo do mastro gritando "Corrupção à vista!" e tendo a bandeira "Lava Jato" tremulando perto da sua cabeça. Como gostariam os poderosos do Senado e do Congresso, que mantém o farol da verdade e da justiça apagado, que esse barco investigativo, também, se espatifasse nas traiçoeiras rochas da mentira e da hipocrisia que invadem o Congresso.
Da mesma forma que a prosperidade material tem levado a maioria dos homens à falência espiritual, assim também, o poder nas mãos dos nossos políticos faz aflorar sua ambição desmedida de enriquecimento ilícito com os tesouros da Nação, como no passado fizeram os poderosos da coroa portuguesa que levaram para Lisboa as nossas riquezas. O profeta Oséias (710 a.C.) convoca o povo a ouvir a palavra do Senhor que estava em contenda com os habitantes da terra, e diz: "Porque nela não há verdade, nem amor , nem conhecimento de Deus. O que só prevalece é perjurar, mentir, matar, furtar e adulterar...Por isso a terra está de luto..." como lá, também, igual no Brasil. Como Oséias, Thomas Jefferson estremeceu ao pensar quão terrível seria a justiça de Deus quando Ele derramasse a sua ira sobre a rebelde nação que governava.
Mauro Jordão é médico.