O Education at a Glance, publicado em setembro de 2024, divulgou a média salarial dos professores da Educação Básica dos países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O levantamento destacou a remuneração dos profissionais que atuam no Ensino Fundamental - Anos Finais (6º ao 9º ano). Embora o Brasil não agrupe a instituição, o estudo é importante para conhecermos as diferenças e similaridades entre as nações que estão acima e abaixo nos rankings educacionais.

Com relação ao salário, o estudo revela que no Brasil os professores recebem, em média, US$ 23.018 por ano (equivalente a R$ 128 mil); a metade (47% abaixo) dos US$ 43.058 (em torno de R$ 237 mil) anuais pagos pelos países da OCDE. Que sonho! Os custos de vida acompanham o aumento salarial. Mas há outros dados que colaboram com as remunerações, dentre elas a valorização à formação continuada, as condições para a dedicação exclusiva à escola, os incentivos às demandas profissionais, a carga horária distribuída entre o planejamento e o tempo em sala de aula e, o melhor, turmas reduzidas. Elas têm, em média, 15 alunos.

Outro diferencial é a gestão da escola em parceria com as famílias. Elas acompanham o trabalho docente, a fim de entender que as responsabilidades desse profissional vão além das questões pedagógicas. Segundo o estudo, o reconhecimento da profissão, a valorização do trabalho e o incentivo à formação retêm talentos na docência e tornam a carreira atrativa para novos profissionais. 

São diferentes realidades! Porém, trazem insights que podemos "importar" para o Brasil. Dentre eles, o entendimento da sociedade sobre o que é ser um docente - em especial na Educação Básica. Este seria o primeiro passo para ressignificar imagens distorcidas sobre as demandas desse profissional, que deseja um salário maior devido ao acúmulo de funções - que estão aquém da sua alçada - e da carga horária, que se estende em meio à variedade de atividades. "Materiais" se compram; "humanização" se constrói. Ainda há muito a se fazer para a conscientização acerca da importância daqueles que tornam a educação possível. 


Suéller Costa (sueller.costa@gmail.com) é jornalista, pedagoga, educomunicadora e pesquisadora. Doutoranda em Educação (FEUSP). Mestre em Ciências da Comunicação (ECA/USP). Especialista em Educomunicação (ECA/USP). Sócia da ABPEducom e APEP. Idealizadora do Educom Alto Tietê. Contatos: @educomaltotiete; @suellercosta