Um procedimento cirúrgico quando não obtém o resultado esperado e considera-se uma complicação é uma definição genérica, porém conhecida pelos profissionais da saúde. Independentemente do tipo e da abordagem cirúrgica ocorrem em até 60% dos casos. A fisioterapia assume um papel fundamental na prevenção, diminuição e resolução dessas complicações. 

A dor pós-cirúrgica é esperada por ser decorrente da manipulação cirúrgica, devido à presença da ferida operatória e tração de tecidos circunjacentes à cirurgia, por isso, o médico irá realizar condutas medicamentosas e o fisioterapeuta irá realizar condutas com recursos analgésicos com eletroterapia, termoterapia, mecanoterapia e terapias manuais. 

Ao retirar as mamas, alteração de sensibilidade, como sensação de queimação, peso e formigamento, são comuns nos primeiros dias devido manipulação de nervos, mas importante frisar que se a cirurgia comprometer o plexo nervoso, principalmente na região da axila, isso poderá causar uma perda funcional irreparável. Já a fraqueza nos braços ocorre pela restrição na movimentação durante as primeiras semanas de pós-operatório, como também pela ressecção de algumas estruturas musculares ou presença de complicações. 

A dor ou presença de mama fantasma são sintomas que a paciente refere sentir no local onde foi retirada a mama. É comum sentir a presença da mama como se ainda estivesse ali, junto com dores, agulhada, formigamentos, entre outros sintomas. A presença de alterações posturais e dores na coluna não são incomuns. A retirada da mama acarreta um desequilíbrio no peso do eixo da coluna, um lado fica mais pesado que o outro levando à desvios posturais.

A fisioterapia deve ser iniciada o quanto antes para reversão desse quadro. Por último, mas não menos importante, as alterações respiratórias são decorrentes do uso de anestesia geral, tempo de cirurgia, inatividade, respiração curtinha devido presença de dor, e por vezes comprometimento da pleura durante a cirurgia necessitando de um dreno torácico. Todas essas situações levam à diminuição da ventilação pulmonar e podem acumular secreção, que favorecem o aparecimento de pneumonias. Por isso é muito importante realizar fisioterapia respiratória com técnicas de expansão pulmonar e higiene brônquica.

Na fase tardia da cirurgia é possível observar alterações funcionais da cintura escapular e do ombro decorrentes de lesões nervosas, nesse caso a paciente ficará com dificuldades de movimentar os músculos em volta do osso da escápula, movimentos como se levantar, abrir os braços e encostar a mão nas costas ficarão prejudicados. Presença de aderências e fibroses na cirurgia também levam à limitação de movimentação do braço.  


Dr. Luiz Felipe Da Guarda é fisioterapeuta e Diretor Científico da Associação Brasileira de Perícias Fisioterapêuticas - ABRAPEFI - @abrapefi