O atentado numa escola estadual de Sapopemba, na zona leste de São Paulo-SP, nesta semana, com o triste desfecho de uma aluna morta e duas feridas à bala, traz à tona, novamente, a discussão sobre o bullying. 

Atos de violência física ou psicológica, ou seja, a prática de bullying, devem ser analisados sob dois vieses: por parte de quem comete, e que tem comportamento agressivo, é perseguidor e violento; e por parte de quem sofre a humilhação, a vítima.  

O bullying acarreta vários traumas e transtornos psicológicos para a vítima, que, por sua vez, pode manifestar dois comportamentos muito perigosos: o suicídio e o sentimento de vingança. 

Quanto ao suicídio, a pessoa vê a opção de dar fim à vida como sendo a única saída para se livrar das dores e sofrimentos decorrentes da perseguição e da humilhação sofridas. Na vingança, o sujeito é tomado pela ira, pela revolta e por ódio. É o revanchismo em seu estado mais puro.  

Não é raro vermos adolescentes utilizando o fato de um dia terem sido vítimas de bullying para cometerem assassinatos em escolas. É o caso do ataque em Sapopemba. 

O jovem de 16 anos que executou uma aluna a sangue frio e feriu a tiros outras duas (vítimas mulheres, ressalte-se!) disse que sofria bullying por ser homossexual. O estudante já teria, inclusive, feito ameaças à escola e, por outro lado, sua família teria registrado Boletim de Ocorrência em resposta aos atos sofridos pelo menor. A escola, por sua vez, não teria tomado nenhuma providência diante a denúncia, nem para evitar que as ameaças se consumassem. 

A saúde mental dos adolescentes e das crianças está gritando por socorro, por ajuda - e não é de hoje. É de suma importância que os pais e as escolas estejam atentos às mudanças de comportamento e procurem ajuda o quanto antes. Tanto quem comete como quem sofre o bullying precisa de tratamento psicológico. 

Este tipo de assistência é a melhor forma de prevenção ao bullying, ao suicídio e à violência nas escolas. Não dá mais para falar em Educação sem priorizar a saúde mental. É questão de sobrevivência.  

 

*Dra. Luciana Inocêncio (luciana.inocencio@yahoo.com.br) é psicóloga e psicanalista; especialista em Transtornos Graves das Psicoses; em Psicologia Hospitalar e em Especialidades Médicas; e em Psicologia Clínica e em Teoria Psicanalítica.