Há um ponto de interrogação no final do título do artigo "Defesa da Vida", escrito por Mario Vargas Llosa, como também, no título do que escreveu Dom Odilo Pedro Scherer, Cardeal-Arcebispo de São Paulo, "A Solução é Descriminalizar o Aborto?". A resposta está na verdade. Pensadores e filósofos buscam a resposta, em suas inquirições, baseada em sua própria razão, e como todos têm suas razões que não se igualam teremos a verdade relativa de cada um. Vargas Llosa firmado na razão humanista, evocando o obscurantismo da Igreja, soma motivos em defesa da vida da gestante "angustiada".
Dom Odilo Scherer, pela fé transcendental responde escudado na verdade revelada na Bíblia: a vida a Deus pertence; portanto, a mulher e o seu concepto devem ter a Ciência Médica como guardiã no direito de viver de ambos. O hedonismo, em tempos pós-modernos, incentiva a sensualidade pervertida que desequilibra os valores da fé e da razão na mente dos seres humanos, em qualquer idade, visando o prazer imediato e irresponsável do "aqui" e do "agora", rejeitando a consequente gravidez que chamam de 'indesejada", quando acontece.
Se o comportamento humano é moldado pelo ambiente social em que vive, o julgamento dos seus atos, sejam bons ou maus, não estão em sua censura da ética e da moral, a sociedade é culpada por ter sido modelada assim, isso se chama "transferência de culpa", sendo ela ré metamorfoseada em vítima a justiça humana legaliza o aborto e descriminaliza aquela que foi gestante e consentiu; porém, a justiça divina não aceita a vitimização como libelo para absolvição. Feliz seria, sem ser paradoxal, haver a mesma alegria que existe no coração de uma mulher, desejosa de ser mãe, ao saber que está grávida, e da outra também, mesmo em situação desfavorável, fazer um brinde a vida por se tornar, pelas Mãos de Deus, mãe. Indesejada, sim, a situação em que engravidou, mas não indesejada a gravidez e o concepto que dela resultou, defendendo com amor maternal a vida do seu filho.
Mauro Jordão é médico.