O físico alemão Albert Einstein deixou diversos legados à humanidade, entre eles o bom-senso em alguns momentos do dia a dia: "Insanidade é fazer a mesma coisa, esperando resultados diferentes". Mais do que um aforismo, é um chamado para a adoção de novas soluções diante de problemas à primeira vista impossíveis.
O mundo passou, nos últimos dois anos e meio, pelo flagelo da peste - um novo vírus, inicialmente avassalador, contagioso e de difícil detecção, colocou nações e impérios econômicos de joelhos. O vírus Sars-CoV-2, causador da Covid-19, obrigou toda a sociedade (mesmo que muitos à contragosto), a mudar seus hábitos e visão de mundo.
Governos repensaram suas relações com a sociedade, com as autoridades, com as leis dos homens e as leis de Deus. Infelizmente, a pandemia também trouxe o lado macabro da humanidade: o negacionismo, o charlatanismo e o ódio contra asiáticos em vários locais do mundo com a falsa e ridícula acusação de "vírus chinês".
E, mesmo a despeito de todos os atrasos, o mundo civilizado se uniu e, em conjunto, fez vacinas e protocolos, colocou-se ao lado da ciência e de seus profissionais de saúde.
Dois anos após as primeiras notícias da Covid-19, os noticiários trazem uma nova sombra: uma variante do vírus da varíola, extinto mundialmente graças a um esforço mundial de vacinação, começa a assolar os continentes, chegando ao Brasil e à nossa região.
As notícias sobre a monkeypox trazem déja-vu ao noticiário, e a falaciosa associação da varíola com a população homoafetiva masculina evoca os momentos mais vergonhosos da década de 1980, com a desinformação sobre o vírus HIV. O Brasil em si teve quase 700 mil mortes em dois anos por uma única doença, desdenhada por muitos aqueles que deveriam defender seu povo.
Este é o mesmo país que buscou a quebra de patentes de remédios para o tratamento da Aids, e erradicou a poliomielite de seu território com vacinação ostensiva. Insistir no negacionismo e no preconceito não será, no fim das contas, insanidade, mas mais uma vez burrice.