O país está em crise desde o final de 2014. A eleição presidencial de outubro foi decisiva para a detonação de uma crise política que potencializou nossa crise econômica. Em que pese ter ela uma faceta global, pois a economia mundial está em crise, sua intensificação está diretamente ligada aos desdobramentos da Operação Lava Jato e ao acirramento da disputa política.
Atingimos um estágio nesta disputa extremamente preocupante. Sem a solução da crise política a economia não irá readquirir as condições necessárias para voltar a crescer. E nosso maior problema é justamente esse: acredito que a solução dessa crise não está no horizonte.
Com o início do processo de impeachment da presidente na Câmara dos Deputados (Casa Legislativa presidida por Eduardo Cunha) devemos ter um desfecho de tal processo, ainda no mês de abril. A votação no plenário da Câmara pode avalizar a permanência de Dilma ou, caso a tese do impeachment seja vitoriosa, o processo segue para o Senado, que também deve avaliá-lo em comissão e depois em plenário. Daí, nós saberemos o desfecho desse processo.
No entanto, é possível prever que, independentemente do resultado, os ânimos continuarão exaltados. Dilma conseguiria governar com tranquilidade, caso não sofra impedimento? Acho muito difícil. Da mesma forma, não creio que Temer possa governar tranquilamente caso a presidente seja afastada. Até porque, pedido de impeachment do vice também foi protocolado no Congresso Nacional.
Não temos grandes lideranças políticas com representatividade e capacidade de conduzir um pacto para a superação das duas crises. As próprias instituições políticas vivem uma crise de representatividade e de legitimidade perante à sociedade brasileira.
Diante da dualidade e enfrentamento acirrado, que têm caracterizado a participação das pessoas que, constantemente, se manifestam nas ruas e nas redes sociais, é mais do que urgente e necessário que alguns gastem suas energias pensando em um caminho alternativo.