A imprensa, maneira geral, sofre perseguição implacável, como, aliás, sofreu no passado, por governos que, embora se nominem democráticos, têm os necessários traços de ditatoriais. Preocupados em esconder os pecados que cometem, os detentores do poder buscam, de todas as formas, calar àqueles que, no exercício da sacerdotal profissão, escancaram os desmandos cometidos.
Interessante, no entanto, que o jogo político - e fala-se nele mais uma vez - apresenta-se tão seletivo quanto ao ponto em discussão.
Realmente, quando o governo que, extrapolando os seus poderes, interfere nos órgãos de comunicação, tem viés ideológico diferente, espancam, não só a ele, como também a quem lhe preste apoio. Aconteceu com Lula e Dilma, que foram crucificados por apoiarem ditadores chavistas, useiros e vezeiros em tal prática, merecendo execração pública. Por outro lado, perdoam solenemente os que usam do mesmo expediente, quando lhes convém.
Nesse sentido, o recém-empossado Macri, estabeleceu, na Argentina, regras para coibir as coberturas dos atos sociais que o atinjam, praticamente coibindo o trabalho jornalístico.
Já na Turquia, o abominável Recep Erdogan, violência explicita, usou de forças para "tomar", com a "necessária violência", jornais que se manifestavam contrariamente à sua linha de pensamento.
Em ambos os casos, dos países maiores, aqueles que encetam guerras sanguinárias com a demagógica desculpa da implantação da democracia, não se ouviu qualquer brado de repulsa.
Aliadas de primeira hora, tais nações não merecem reprovações. Tudo não teria passado de "ato de política interna". Aqui entre nós, da mesma forma!
A oposição, crítica por excelência nessas horas, como se ressaltou, não ergueu a voz em momento algum! Na Câmara ou no Senado não se ouviu discurso firme, que defendesse os injustiçados com tais medidas (no fundo, mais que os profissionais, o povo, de quem se esconde as mazelas do poder). Em suma, os amigos tudo podem, aos inimigos a lei!
Dane-se a imprensa!