A juíza Maria Priscilla Ernandes, da 4ª Vara Criminal de São Paulo - que iria analisar as denúncias e o pedido de prisão preventiva contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva -, decidiu nesta semana transferir o processo para o juiz federal Sergio Moro, um dos responsáveis pela Operação Lava Jato e uma das "estrelas" das manifestações de domingo contra a corrupção. Por outro lado, informações davam conta de que a presidente Dilma Rousseff (PT) chegou a cogitar que seria melhor que o líder petista assumisse a Casa Civil e, com isto, muita gente viu que eles prepararam uma espécie de "manobra", para que ele e ela se safem das acusações e de um possível impeachment, respectivamente - estratégia que acabou sendo confirmada ontem, em meio a muito alvoroço. Com isto, Lula passa a ter foro privilegiado e, portanto, como ministro, será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que é a última instância do Poder Judiciário e composto por alguns ministros indicados pelo próprio governo do PT.
Ao passo em que os militantes petistas comemoraram o anúncio do ex-presidente para a Casa Civil, a oposição do partido e da atual gestão aproveitou para criticar em massa o que classificou como "golpe contra a população brasileira", propondo, inclusive, uma espécie de greve geral do povo, em que o País parasse até que a problemática fosse sanada. Entretanto, especialistas também disseram que a tentativa de escapar de Moro de nada adiantará para Lula, já que o fato de ser julgado pelo Supremo não lhe dá a possibilidade de recorrer, assim como poderia fazer, se o processo tivesse ficado nas mãos do juiz Moro da 13ª Vara Federal de Curitiba.
De qualquer forma, é preciso que assistamos os próximos capítulos deste imbróglio, para sabermos qual será o passo seguinte. Porém, conforme o dito popular: "Quem não deve, não teme". E é por esse motivo que também repercutiu mal a aceitação de Lula para a Casa Civil, porque soou como uma atitude desesperada de alguém que, ou quer fugir do julgamento das denúncias, ou quer se manter sob o poder a qualquer custo.
Certo é que o STF já sinalizou que não tratará o caso com desleixo e que o ex-presidente será, sim, julgado imparcialmente. O ministro Gilmar Mendes ainda completou que o órgão deve avaliar se a nomeação de Lula foi uma tentativa de fugir da primeira instância e, consequentemente, de obstruir a Justiça.
Resta saber agora como ficará o jogo de xadrez com a movimentação da dama, peão, cavalo e rei e qual deles irá dar o xeque-mate.