O mosquito Aedes aegypti vem se mostrando um inimigo muito mais temível do que parecia décadas atrás. Estudos mostram que ele surgiu no século 16, no continente africano e, desde então, vem se proliferando em todas as áreas tropicais e subtropicais do mundo.
No Brasil, suas primeiras aparições foram registradas no final do século 19, em Curitiba, e, posteriormente, em Niterói, no Rio de Janeiro. Na década de 1950 o País chegou a erradicar o mosquito, quando a doença que ele transmitia era a febre amarela. Mas na década de 1980 ele voltou com força total e hoje é encontrado em todos os Estados. Até a presidente Dilma Rousseff afirmou, no início do ano, que o Brasil está perdendo a luta para o Aedes aegypti.
E planos para eliminar o inseto não faltaram por parte do governo federal. O que falta mesmo é eficiência nas ações. Um exemplo: no Programa Nacional de Controle da Dengue, planejado em 2002, a meta era que o Brasil tivesse 11 mil casos de dengue por ano, sendo apenas 1% de casos graves, resultando em morte. No País todo somente 1% dos imóveis teriam larvas do Aedes aegypti. Mas 14 anos depois a nossa realidade se mostra bem mais dura: os casos não são 11 mil, mas sim 1,6 milhão em todo território nacional. O índice de mortalidade nos casos graves não é de 1% como se previa, mas quatro vezes maior. Mas, então, o que deu de tão errado? A população tem sua parcela de culpa, mas não é só isso.
Se por um lado nosso governo produz planos e leis muito bem feitas, por outro, é péssimo para executá-los. Metade da nossa população não tem coleta eficiente de esgoto, e esses dejetos, misturados com a água da chuva, é que se formam focos e criadouros de larvas a céu aberto. Ao contrário do que se pensava, o Aedes aegypti também consegue se reproduzir em água suja, e não apenas em água limpa.
No caso do saneamento básico, falta dinheiro público para investir nessa importante área. Isso e a baixa qualidade dos serviços de coleta de lixo contribuem, sem dúvida, para a vitória fácil dos mosquitos.
Tomara que agora, com as novas "modalidades" de doença que o mosquito Aedes aegypi carrega consigo, além da dengue - zika vírus, que pode causar microcefalia em fetos, e a febre chikungunya -, o Poder Público consiga, enfim, colocar em prática todos os planos geniais, que, até o momento, funcionam apenas na teoria. Afinal de contas, há mais de um século que estamos perdendo a batalha para um inseto. E parece que chegamos ao limite, bem próximo de uma calamidade.