É notório o déficit no efetivo das Polícias Civil e Militar na região. Escrivães, peritos e investigadores abarrotados de serviço e correndo para cumprir prazos de ofícios e diligências, delegados se desdobrando em plantões de duas e até três delegacias em municípios diferentes e policiais militares utilizando os recursos disponíveis para cobrir grandes áreas de atuação - mesmo com equipes reduzidas -, e conseguir atender as ocorrências que não param de chegar via Centro de Operações da PM (Copom). Quem "paga o pato" dessa falta de investimento? A população. Sempre ela, que sente no ato os reflexos dessa conta. Foi assim na saúde (basta lembrar da proposta de retorno da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, a CPMF), no setor de abastecimento de água e energia elétrica, dos combustíveis e, como não poderia deixar de ser, nas gôndolas dos supermercados, onde os preços também não param de subir.
Na segurança pública não é diferente. Difícil, hoje em dia, conhecer alguém que não tenha sido assaltado ou ainda que não tenha ligado para o 190 da Polícia Militar e solicitado ajuda. Em muitos casos, o retorno não foi rápido justamente pela falta de pessoal suficiente para atender as várias solicitações concomitantes. Além disso, assim como no sistema de saúde, são estabelecidas prioridades, em que alguns casos demandam resposta imediata. Também é assim nos Distritos Policiais (DPs), quando o cidadão precisa esperar horas para fazer um boletim de ocorrência (B.O.), devido ao registro de um flagrante e a falta de funcionários ou melhor estrutura.
Inegável, portanto, que há falhas no sistema, que precisam ser urgentemente corrigidas, especialmente nos segmentos essenciais, sob pena de, muitas vezes, representarem a diferença entre a vida ou a morte. Afinal, não são raras as notícias de demora no atendimento em hospitais, o que, muitas vezes, culmina na morte de doentes, vítimas de crimes ou de acidentes, por exemplo. O próprio Dat já denunciou, em outras ocasiões, que a falta de médicos especialistas em unidades de referência acarreta em problemas sérios no encaminhamento emergencial de pacientes feito por viaturas do Resgate do Corpo de Bombeiros ou do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
No entanto, é sabido que a população cresce e, como tal, necessita da ampliação e melhoria dos serviços públicos. Trata-se de um fator previsível para todos. E, dentro deste contexto, o planejamento deveria ser a palavra de ordem. E isso é o que mais temos visto faltar em alguns setores.