Começa a valer hoje o novo reajuste na tarifa de energia elétrica. Mais um, o terceiro em um ano. O aumento foi aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e aqui na região a EDP Bandeirante aplicará 15,37% nas contas de luz de residências e pequenos comércios e 17,09% nas de empresas e indústrias. Conforme o MN mostrou na edição de ontem, de outubro de 2014 para cá o valor do quilowatt/hora subiu 48%, de R$ 0,37 para R$ 0,55. Ou seja, para não ter tanto impacto no bolso, no orçamento familiar, o consumidor terá de se desdobrar para mudar hábitos e reduzir aquilo que gasta.
Assim como no caso da crise hídrica, o ônus sempre cai no colo da população. Claro que todos têm que fazer sua parte para conseguir benefícios para a coletividade. A questão é que compete também para o contribuinte arcar com a falta de planejamento e a incapacidade de muitos agentes públicos responsáveis por essa situação. No caso do abastecimento de água, a população ainda tem até um estímulo, pois a redução do consumo pode acarretar em concessão de bônus na conta oferecido pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Mas no que diz respeito ao fornecimento de energia elétrica, nem isso. É economizar para não ter que pagar mais e só.
E se não há nenhuma contrapartida do outro lado, até onde isso vai parar? Com a crise econômica cada vez maior, desfraldando um cenário perigoso, com previsões das mais pessimistas - como a indicação de que o déficit no Orçamento da União poderá ser de
R$ 50 bilhões e não R$ 30 bilhões, como anunciou o governo federal - e falta de estímulo para surgimento de novas empresas para geração de emprego e de renda, a tendência é que o brasileiro continue a pagar uma conta cada vez mais alta.
Na reportagem de ontem, a EDP Bandeirante afirmou que o aumento de hoje, que é previsto todo ano neste mês, não altera o custo que a empresa já vinha praticando. Os principais destinos do dinheiro são a geradora de energia (34,1%), impostos (24,3%) e encargos setoriais (23,8%). Por outro lado, a concessionária justificou que o reajuste é para cobrir a compra de energia elétrica, a alta do dólar e empréstimos feitos em 2014.
Aí está, mais uma vez a conta - literalmente - vai para o contribuinte, para o cidadão, que já está cansado de pagar tantos impostos e não ter retorno em serviços públicos como gostaria e precisaria. Ninguém também consegue reajuste salarial em patamar próximo do que as concessionárias de energia elétrica conseguem facilmente. Muitos nem mesmo têm garantia de emprego. Por isso a revolta cresce.