Quase 60% dos policiais que atuam em unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), no Rio de Janeiro, afirmam que querem trabalhar em outro tipo de policiamento. Se em 2012, 60,2% dos entrevistados avaliaram positivamente a iniciativa das UPPs, em 2014 esse percentual caiu para 41,3%. Os resultados fazem parte de pesquisa divulgada ,ontem, pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes sobre o que pensam os policiais que atuam em UPPs, com dados de 2014. Foram ouvidos cerca de 2 mil cabos e soldados em 36 UPPs, dos cerca de 7,6 mil alocados nessas unidades em julho de 2014.
As condições de trabalho foram as principais reclamações. Apenas 31,9% consideravam boas as condições da sede da unidade e 15,6% aprovavam os dormitórios. A pontualidade da gratificação e o relacionamento de policiais que não são de UPPs foram os únicos itens com elogios da maioria.
Mais da metade informaram que falta formação prática e conhecimento da realidade das favelas para trabalhar na UPP. Instruções para Uso de Armamento Não Letal foi o item com pior aprovação (somente 34,4% acham que foram bem orientados). Para 28,1% dos entrevistados, a relação negativa com a comunidade era o ponto mais negativo na rotina.
Pouco mais de 42% dos entrevistados sentiam-se inseguros ou muito inseguros trabalhando na UPP e dos 58,9% que desejavam sair das unidades, 90% informaram que o motivo era principalmente a distância do local onde moram. O estudo também mostra aumento do distanciamento entre policiais e moradores nessas regiões, o que põe em risco o projeto como um todo. (A.B.)