Gosto muito do conceito do escritor alemão Herman Hesse sobre as etapas da vida: "Tal qual cada flor fenece e toda juventude cede à idade, floresce cada patamar da vida. Toda sabedoria e toda virtude também florescem a seu tempo e não devem durar eternamente. O coração precisa estar, em cada patamar da vida, predisposto à despedida e a um novo início para, na coragem e sem pensar, entregar-se a novas ligações.
E, em todo começo reside uma magia que nos protege e nos ajuda a viver. Temos de transpor, dispostos, espaço a espaço, e a nenhum nos apegar como a uma pátria. O espírito universal não nos quer limitar: quer nos ampliar. Mal nos habituamos a um ambiente, sentindo-o familiar, ameaça o acomodar-nos. Só quem esteja pronto a partir e viajar talvez escape do hábito paralisante. Talvez, ainda a hora da morte nos envie, jovens, a novos espaços; o apelo da vida a nós jamais há de findar. Vamos lá meu coração: despede-te e convalesce.".
Tão maravilhoso poema nos faz, realmente, refletir sobre nossa trajetória e a necessidade do não apego e do amor a tudo e a todos.
Quantas questões passam? Quantos valores acrescentei à minha vida? Consegui promover transformações em minha vida em função desses novos valores? Estou feliz? Sinto prazer nas coisas que faço? Tenho horas de dedicação aos que amo verdadeiramente?
É claro que tantas questões, às vezes, geram uma crise interna, mas isso é perfeitamente normal. Afinal, se considerarmos que nossas vidas são pautadas pelo sofrimento que é amadurecimento, estaremos dentro da normalidade.
Ainda bem, pois, quando rasgo meu coração em prantos para Deus despejando todas minhas crises existenciais, recebo em troca um alívio e, agora, sei que isso é normal. Até mesmo porque quanto mais sadia, mais natural é nossa existência e mais feliz é nosso amadurecimento, pois envelhecimento deve ser encarado assim, como uma metamorfose, cheia de aprendizados e que deve deixar um legado, de preferência com flores pelo caminho.