Sempre fui chamada de louca ou doida por meus amigos. Lembro que minha mãe uma vez me chamou para conversar e falou: "Por que seus amigos sempre falam para mim que minha filha é muito louca? O que você anda aprontando por aí?"
Bom, não era muito calmo esse questionamento. Quem conheceu minha mãe sabe que ela era uma baixinha muito arretada. A única coisa que respondia era: "Sei lá, mãe. Deve ser porque sou um pouquinho alegre demais!"
Durante toda minha vida sempre me deparei com pessoas me "estereotipando" com isso por ser bagunceira, desencanada, fazendo palhaçadas, enfim, o que todo mundo acha que é loucura.
Se me incomodo com isso? Nem um pouco! Acho ótimo que as pessoas tenham essa imagem de mim, mesmo não sendo, obviamente, assim o tempo todo.
Adoro observar situações como essas por aí. Para mim, esse tipo de loucura é uma imensa satisfação recheada de êxtase e alegria.
É adorável andar pela rua e observar aquela pessoa que vem bem distraída, sozinha, com fones de ouvidos, ouvindo uma música e cantarolando alto, como se não se importasse com ninguém. Passa-me uma sensação de que está numa liberdade imensa e, confesso, uma ponta de inveja me invade e falta um pouco de cara de pau para dizer a ela que queria cantar junto.
Quem nunca viu vídeo de pessoas paradas em ponto de ônibus ou estação de trem dançando felizmente e freneticamente? Ser feliz assim, sem se importar com o outro, é incrível.
Eu quero ser louca assim, do jeito que me veem, do jeito que gosto de ser. Não me importo. Já fiz tanta coisa nessa vida que olho e penso: sim, eu posso!
É aí que tenho a noção de que não precisamos de muito para sermos loucos e felizes. Basta sabermos o que se passa dentro de nós e sairmos assim, contagiando aqueles que possuem olhos de ver e sensibilidade para crer na felicidade.
Como diz o meu ídolo Oswaldo Montenegro: "E que a minha loucura seja perdoada. Porque metade de mim é amor. E a outra metade... também".
Vamos ser loucos assim?