Já é de conhecimento das autoridades que quando a temperatura média é elevada, ultrapassando os 22°C, aumenta-se o risco de transmissão de dengue, em qualquer época do ano, porque a multiplicação do mosquito fica mais rápida e ele consegue passar o vírus em menos tempo. Tivemos isso no verão passado, no outono e mesmo agora neste inverno, que também registrou dias de recorde de calor. E as próximas estações prometem, naturalmente, muito calor, chuvas, umidade, condições que o Aedes aegypti tanto adora.
Diante de tudo isso, e da epidemia de dengue que este ano atingiu, no mínimo, uma a cada dez cidades do Brasil, é preciso que as autoridades do Alto Tietê não percam tempo e, num trabalho conjunto, armem seus esquemas para minimizar os problemas dessa doença. E ontem, reportagem publicada pelo Dat mostra que a Secretaria do Estado da Saúde contratou mais 500 agentes para auxiliar no combate à dengue em várias cidades de São Paulo.
De acordo com o texto, esse novo grupo, contratado por meio da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), deverá colaborar com os atuais profissionais que já trabalham espalhados por todo o território paulista. A secretaria afirmou também que as prefeituras podem entrar em contato para tentar levar alguns dos novos agentes para a cidade, a fim de atuar na prevenção da doença.
Mostrou ainda o Dat que, por enquanto, nenhuma prefeitura da região havia solicitado oficialmente, até a sexta-feira, um desses agentes para ajudarem no trabalho em suas cidades - embora o texto incluiu intenções de alguns municípios. Não queremos aqui ensinar o Pai Nosso ao vigário, mas também não podemos concordar que um assunto tão importante e impactante como esse seja deixado para depois. É preciso, já, ter planejamento de ações, que vão desde a mobilização da sociedade - que deve sim evitar a todo custo os criadouros do mosquito - até o trabalho conjunto entre os municípios, pois em uma região conurbada (quando há a unificação da malha urbana de duas ou mais cidades, em consequência de seu crescimento), a estratégia não pode ser individual, tem que ser coletiva.
Um dos principais estudiosos sobre dengue do país, o pesquisador Ricardo Lourenço, do Instituto Oswaldo Cruz, em entrevista a um grande jornal da capital, foi claro ao citar o que deve ser feito por todos para evitar ao máximo o mosquito e a doença: "O que se deve fazer com intensidade é o trabalho de base, que é debelar os focos em casa, ajudar a combater o mosquito na vizinhança e cobrar que o poder público faça seu papel na limpeza urbana." Mais direto e claro que isso, impossível.