A cada campanha nacional de vacinação, o apelo dos três níveis de governo parece não sensibilizar tanto quanto antes. Pelo menos é o que se constata com a atual Campanha de Vacinação contra a Poliomelite e Multivacinação - que deveria terminar no dia 31, mas foi prorrogada até 10 de setembro em várias cidades, incluindo Itaquá e Suzano. Por aqui, números davam conta que desde o início do trabalho - em 15 de agosto - apenas 66% da meta havia sido alcançada. Ou seja, 34% da população infantil nas dez cidades do Alto Tietê - 31.422 crianças - estavam sem a devida imunização.
Qual será a causa desse ato de não levar os filhos para tomar a vacina que pode evitar a paralisia infantil? Apenas falta de informação por parte de pais e responsáveis - embora a Imprensa divulgue bastante não só a campanha como também os benefícios da imunização?
Essa questão deveria ser investigada pelas autoridades, principalmente do Ministério e das Secretarias Estaduais de Saúde, pois pode estar "desembarcando" por aqui um comportamento já existente nos Estados Unidos. E que "moda" é essa? A dos pais encararem com desconfiança o grande número de vacinas dadas nos primeiros anos de vida das crianças, e a opção por odiá-las ou mesmo eliminá-las. É isso o que grande parte dos norte-americanos faz, o que tem gerado nos Estados Unidos surtos de coqueluche e de sarampo, entre outras doenças. Essa decisão equivocada dos pais também ocorre no Reino Unido. 
Voltando ao Brasil, o pediatra Marco Aurélio Palazzi Sáfadi, membro do Núcleo Científico do Departamento de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Pediatria, diz que a tendência antivacina ancora-se, paradoxalmente, em uma história de sucesso. E o médico aponta as razões desse comportamento equivocado: "A nova geração de pais não vivenciou a gravidade de doenças como sarampo, difteria e paralisia infantil".
Ou seja, hoje não se tem mais essas doenças justamente pelas campanhas feitas no Brasil. O que muita gente jovem não sabe é que, criado em 1973, o Programa Nacional de Imunizações praticamente eliminou o sarampo, por exemplo, da lista de doenças infantis. Também a paralisia teve em 1990 o último caso registrado no País, e a doença é considerada erradicada desde 1994.
É preciso que a sociedade, como um todo, tenha consciência de que essa rejeição às vacinas pode custar muito caro no futuro. E os governos pesquisem esses comportamentos e ajam, de verdade.