Com os juros pagos aos investidores em alta e a crescente necessidade de financiamento do governo, o Tesouro Nacional aumentou a previsão deste ano de crescimento da dívida pública federal em títulos. Isso porque, já em julho, o estoque da dívida alcançou
R$ 2,603 trilhões, estourando o teto previsto no Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2015, que era de R$ 2,6 trilhões. Com isso, o governo estabeleceu novo intervalo para a dívida, entre R$ 2,65 tri e R$ 2,80 tri A última vez que o Tesouro havia alterado as bandas do PAF foi em 2008.
O governo atribui a mudança a uma forte demanda por títulos públicos federais em um cenário de incertezas. Para especialistas, porém, a necessidade de ampliação do estoque vem do fato de que os encargos da dívida estarem pressionados pela alta dos indicadores que remuneram os títulos públicos - juros, inflação e câmbio, todos aumentaram neste ano. "A dívida está cara, então a conta de juros está mais pesada. Não tem perspectiva disso abaixar", afirma o analista de finanças públicas da Tendências Consultoria, Fábio Klein.
Além disso, a necessidade de financiamento do governo em um cenário de arrecadação de impostos em queda e dificuldades de cortar gastos é cada vez maior. "O governo está precisando se financiar e o mercado só tem interesse pelas taxas muito altas", completou.
Estratégia
A estratégia, segundo o governo, é aumentar as emissões de títulos pelo Tesouro e vender papéis acima da necessidade de financiamento para ajudar a reduzir a liquidez do mercado. Isso diminui a necessidade de o Banco Central fazer cada vez mais operações compromissadas para retirar dinheiro de circulação e reduzir pressões inflacionárias. Essas operações utilizam títulos públicos de prazo mais curto e são mais caras do que as emissões do Tesouro. (A.E.)