Em 2017, Antônio Freire Mármora, o maestro Niquinho, ganhou uma biografia intitulada “Maestro Niquinho com a música nas mãos… e no coração”, escrita pelo publicitário Roberto Bordin. Formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing em São Paulo (ESPM), Roberto é, além de publicitário, apaixonado por música e rádio. Ao longo de sua vida, realizou o sonho de ser radialista ao produzir e apresentar programas sobre música para webrádios do Rio Grande do Sul e de Diadema, na região do ABC. 

A ligação do escritor com o maestro Niquinho, é na verdade, a esposa, Vilma Pavanelli, que foi aluna na Escola Washington Luiz, além de ter feito aulas particulares de música com o maestro. Os dois se tornaram colegas de trabalho, pois depois da faculdade ela chegou a lecionar no Washington Luiz e na Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), onde o maestro também trabalhou. 

O interesse em transformar a vida do maestro em livro, segundo o autor, veio ao assistir com a esposa uma apresentação do pianista no Mogi Shopping. “Ela me apresentou (para o Niquinho), nós conversamos e quando saí do shopping, falei pra ela: ‘Nunca escreveram nada sobre ele?’”. Vilma disse que não, que talvez poderia haver algum documentário, mas nada significativo. Bordin então tomou a decisão de ser o biógrafo do maestro.

O publicitário contou que Niquinho não se achava merecedor de tamanha homenagem. Durante dois anos, ele ia à casa de Niquinho todas as quartas-feiras para tomar um café e recolher as informações. Segundo o escritor, a esposa de Niquinho também ajudou no processo, separando fotos e documentos. Desde então, os dois ultrapassaram a relação biógrafo e biografado, e são grandes amigos. 

Mogi e a música

Roberto não parou por aí. A escrita da biografia de Niquinho, o inspirou a contar a história da música na cidade, passando por curiosidades, polêmicas e as principais bandas e artistas da cidade, no livro "Mogi também é música". Muitas descobertas emergiram a partir de suas pesquisas, e uma delas define Mogi das Cruzes como o verdadeiro berço da música popular brasileira. 

Bordin contou que antigamente, as músicas tocadas no Brasil vinham em sua maioria como partituras prontas de Portugal, e algumas da França. Porém, durante a restauração da capa de um livro antigo da Biblioteca mogiana, descobriram partituras escondidas no tecido que forrava a capa. Essas partituras são datadas de 1720, e não há até o momento a descoberta de outras partituras brasileiras que sejam mais antigas, fazendo de Mogi oficialmente a origem da música popular brasileira. 

*Texto supervisionado pelo editor