É com frequência cada vez maior que temos acompanhado cenas reveladoras do caráter de quem as protagonizam. Vivemos em um país extremamente desigual e com parte da sociedade vocacionada para um comportamento autoritário, preconceituoso e racista. Essas pessoas, mesmo não pertencendo à elite, enxergam o país dividido entre a casa grande e a senzala.
Com aproximadamente 80 mil mortes de pessoas infectadas por Covid no Brasil, comportamentos de desrespeito aos procedimentos indicados como necessários para conter o avanço das contaminações são recorrentes. Geralmente são aqueles que ainda insistem em negar fatos tão evidentes. É o caso do casal que estava sem máscara. A mulher dizia: "Cidadão não, engenheiro civil formado, melhor do que você". Como se o fato de se ter uma formação atribuísse em superioridade.
No último final de semana em Santos, outra cena explicita de ridículo. Um Guarda Civil Municipal abordou um homem que estava sem máscara, contrariando um decreto nº 8.944, de 23 de abril de 2020, editado pela Prefeitura de Santos. O homem que, durante a abordagem se identificou como desembargador, ao ser informado sobre o decreto, disse que não era lei e, caso fosse multado, faria o mesmo que fez em outra abordagem. Rasgaria a multa a atiraria no guarda. Supostamente ele ligou para o secretário de Segurança de Santos para reclamar e disse que o agente é analfabeto.
Alguns costumam indagar: de onde surgiram essas pessoas? Na verdade elas sempre estiveram em seus lugares. É que a prepotência, a arrogância e o autoritarismo eram testemunhados por poucas pessoas.
Hoje é diferente. A tecnologia criou outra realidade. Um celular é um equipamento que tem inúmeras funções e até serve como telefone. Com ele é possível fotografar, gravar áudio e vídeo e distribuir imediatamente nas diversas redes sociais.
Mas o que mais me intriga é perceber que a arrogância e prepotência dessas pessoas é tanta, que isso as impedem de perceber que estão exibindo orgulhosamente os seus mais podres defeitos e revelando seu caráter.