Mogi das Cruzes passou a incluir em seus editais de restauro do Programa de Fomento à Arte e Cultura (Profac), imóveis de interesse histórico. Segundo Ubirajara Nunes, diretor do Departamento de Patrimônio e Arquivo Histórico, a mudança permite que proprietários, arquitetos e jovens em formação recuperem mais prédios relevantes para a cidade. “Antes, os editais beneficiavam apenas imóveis tombados. Agora conseguimos incluir imóveis de interesse histórico, que o Comphap (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural, Artístico e Paisagístico de Mogi das Cruzes) já indicava há anos”, afirmou.

De acordo com Nunes, os editais anteriores tinham pouca procura, mas neste ano houve aumento na adesão, refletindo maior interesse na revitalização do patrimônio. Ele observa que mais proprietários têm procurado o Comphap para obter informações sobre restauro — cenário diferente do passado, quando predominava a intenção de demolir imóveis antigos. “Quando temos políticas robustas, cresce o interesse da população pela preservação”, avaliou.

O Profac é uma lei municipal que apoia projetos culturais em diversas áreas, com recursos que incluem parte da arrecadação de espetáculos no Theatro Vasques, revertida para o Fundo Municipal de Cultura. Neste ano, os editais contemplaram duas construções centenárias no Centro: a Capela São Sebastião e o Centro Cultural Antônio do Pinhal, que preserva arquitetura colonial com paredes externas de taipa de pilão.

Paralelamente, o município mantém o Programa Oficina Escola de Patrimônio, Artes e Ofícios (POEP), que forma jovens em situação de vulnerabilidade social em técnicas de restauro. “A ideia é preparar profissionais para atender à demanda de diversos imóveis históricos, inclusive particulares”, disse Nunes. As aulas, teóricas e práticas, são realizadas no Casarão do Carmo, construção colonial do século 19, utilizada como primeiro laboratório. Os alunos recebem bolsas da Prefeitura e alguns já atuam na preservação do patrimônio local.

Recursos e obras

Além dos editais municipais, Mogi tem utilizado recursos federais da Política Nacional Aldir Blanc para restaurar equipamentos culturais. Em 2025, serão aplicados R$ 103.800 na revitalização do Arquivo Histórico Municipal e do Theatro Vasques, com intervenções que incluem pintura externa e reintegração de fachadas. O restauro do Arquivo Histórico começou em 6 de agosto, e as obras no Vasques devem começar nesta segunda-feira (18), com conclusão prevista para o fim do ano.

Nunes lembra que as melhorias no Vasques integram um plano mais amplo de revitalização iniciado no primeiro semestre, que já incluiu a instalação de um novo sistema de climatização, a implantação de plataforma de acessibilidade para ligação entre camarins e palco e a reforma dos camarins. "Movemos a localização de alguns equipamentos, que antes estavam do lado externo, o que vai permitir mostrar mais a faixada original do teatro", contou.

Visitas guiadas


Entre as ações de preservação e educação patrimonial, Nunes destaca também a intenção de ampliar as visitas guiadas, por meio do Roteiro do Patrimônio. A iniciativa oferece passeios a diversos pontos históricos de Mogi, enquanto o Roteirinho do Patrimônio é voltado a crianças e jovens. “Cinco minutos após a abertura das inscrições, as vagas se esgotam. No próximo ano, vamos ampliar o número de roteiros e incluir novos distritos e pontos históricos da cidade”, disse. Os passeios incluem diferentes museus e locais históricos. Mais informações no site da Prefeitura - https://www.mogidascruzes.sp.gov.br/