Tido como uma das melhores expressões do ser humano, o senso de humor é para poucos. É por meio dele, às vezes, que conseguimos compreender o nível inteligência de uma pessoa, seja para contornar uma situação ou para encaixar uma piada inteligente no momento certo. Há outras vertentes do humor. A comédia é uma delas. O ator Jorge Loredo (1925-2015), famoso por dar vida ao personagem Zé Bonitinho, muito sabiamente dizia que o "humor é coisa séria, é liberdade. Basta ver os países ditatoriais. Ali não existe humor. Brincando se passa uma mensagem", ao explicar sobre as artimanhas para denunciar políticos e mazelas.
O mesmo vale para ideias. Toda ideia deve ser submetida ao sarcasmo, à crítica e ao humor, para que deixe de ter um caráter de verdade universal. Enfim, o humor pode ser expresso de várias formas e é necessário para a continuação da humanidade, senão a civilização já teria sido extinta. O humor só não deve ser utilizado para tripudiar sobre a dor das pessoas. Piadas com catástrofes como o holocausto judeu, a peste negra na Europa, o World Trade Center americano, devem ser repudiadas. Para trazer para o lado brasileiro, onde tragédias não faltam, temos exemplos de acidentes aéreos, assassinatos em igrejas e shoppings e, para estreitar ainda mais esse exemplo, o crime ocorrido na Escola Estadual Raul Brasil, em março, em Suzano.
O humorista Dihh Lopes ganhou cartaz nas redes sociais após fazer piadas com a tragédia na escola. Não custa lembrar que dez pessoas morreram naquela ocasião. A chacota com os assassinatos ganhou repercussão no Alto Tietê e o comediante foi duramente criticado por essa atitude. Uma apresentação desse humorista marcada para ocorrer em Mogi das Cruzes foi cancelada pela prefeitura após pedido de vereadores de Mogi e Suzano, endossado por alguns moradores da região.
O humor deve ser estimulado por todos. A sátira deve ser feita para criticar ideias, governos e pessoas, mas quando ela é utilizada para tirar risadas em cima de tragédias, a piada perde completamente a graça.