Na noite do dia 20 de setembro, uma perua Kombi de lotação, trafegando em uma rua da zona norte do Rio de Janeiro, parou em um ponto para desembarque de passageiros, ocasião em que se ouve um forte estampido. Tratava-se de um disparo de arma de fogo, cuja bala, tecnicamente denominada projétil, atingiu a parte traseira da lotação e, devido a força do impacto, atravessou a lataria e estofados, encerrando seu trajeto, lamentavelmente, nas costas de uma criança, a pequena Ágatha, de apenas 8 anos.
Uma criança como outras, independentemente das dificuldades impostas à sua realidade, alegre e que, naquele momento, sob o afago da mãe, retornava para a sua casa. Com seus tenros anos de vida, não tinha noção do que havia acontecido e, devido ao intenso sangramento causado pelo ferimento, sentia-se fraca, sem forças e com frio, caminhando para a perda de consciência. Um ser inocente, cuja vida, como a areia entre os dedos da mão, para desespero da mãe, se esvaia.
Gritos chamando pelo seu nome e chacoalhões em seu frágil corpo não evitaram que a pequena flor comece a murchar. No hospital, em que pese os esforços dos profissionais de saúde, a rápida, porém marcante, passagem de Ágatha na companhia de seus pais, parentes e amigos se encerrou. Um triste fato, não isolado, decorrente de um conflito gerado na busca de uma equação, cujo resultado esperado é uma sociedade mais justa, livre e igualitária.
Justa no sentido de se garantir aquilo que é certo e, cumprindo as leis, assegurar a inviolabilidade dos direitos e dos bens dos cidadãos. Livre no sentido de, sem ser admoestado, determinar suas ações, decisões e direções. Igualitária em proporcionar, a todos, os mesmos serviços públicos com qualidade. Numa batalha, exercida com princípios de ambos os lados, leis são estabelecidas para minimizar danos aos inocentes. No caso em concreto, diante da falta de limites e escrúpulos de um lado, só cabe ao outro, agindo dentro dos parâmetros legais, aprimorar sua estratégia e, dessa forma, buscar evitar os chamados efeitos colaterais.