O número de pessoas desalojadas em Itaquaquecetuba aumentou de 170 para 223, segundo a Defesa Civil. O prefeito do município, Mamoru Nakashima (PSDB), oficializou ontem um pedido de materiais ao Estado, para serem repassados às famílias atingidas pelas chuvas desta semana. Foram solicitadas 150 cestas básicas, 150 colchões, 150 cobertores, 500 unidades de água sanitária e 500 kits de limpeza.
Segundo dados da Defesa Civil, as chuvas que ocorreram nesta semana atingiram cerca de 800 pessoas, das quais 223 estão desalojadas.
Um dos abrigos montados pela prefeitura fica no Centro de Convivência da Melhor Idade, onde estão 28 moradores recebendo alimentação diária, kits de higiene pessoal, atendimento médico e têm à disposição, colchões e cobertores.
Uma dessas pessoas é a dona de casa Claudia Daguimar, 33 anos, que mora no bairro Vila Maria Augusta e está abrigada no local com o marido, a sogra e seus sete filhos, com idades entre 3 e 15 anos. Segundo ela, nos 14 anos em que mora no bairro, já foi obrigada a sair da casa quatro vezes em decorrência dos alagamentos. "Moro próxima do rio, sempre que chove, a água sobe e invade a minha casa. Temos que sair correndo para um lugar seguro", disse Claudia. "Já fiquei neste mesmo local na última vez que alagou a minha casa, as outras duas vezes, eu fiquei no ginásio da cidade", relatou.
Claudia disse que em uma das ocasiões, o nível da água subiu na altura de seu peito, no meio da madrugada. "Quando isso aconteceu, tive que acordar meu marido, correr e segurar a beliche em que meus filhos dormem. Saímos às 3 horas da madrugada, por isso, eu tenho medo, nunca sabemos quando pode acontecer", contou a moradora.
O desempregado Igor de Jesus, 23, também está alojado no local e contou como tem sido o tratamento. "Nós ganhamos café da manhã, almoço, café da tarde e o jantar, não podemos reclamar do atendimento que recebemos aqui, mas não é como estar em casa", disse Jesus. "Moro com a minha esposa e minhas duas filhas, uma de 4 anos e outra de 3 meses, se voltarmos para casa, estaremos sem nada, nós perdemos tudo", desabafou.
Além de perder os móveis, os moradores dos bairros mais afetados pelas enchentes podem contrair doenças. Segundo o assistente geral Luiz Paulo Ramos Júnior, 30, também morador do bairro Vila Maria Augusta, apareceram muitos animais que podem transmitir essas doenças, como ratos, capivaras e até mesmo uma cobra foi encontrada na rua de sua casa.
A Defesa Civil segue monitorando os bairros mais afetados pelas chuvas, Vila Japão, Vila Maria Augusta, Jardim Fiorello, Vila Sônia, Parque Piratininga e a Estrada do Bonsucesso, e a prefeitura mantém o estado de alerta.
* Texto supervisionado pelo editor.